quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Privacidade

Olá gente!!!

Esta postagem será a última antes do próximo capítulo de Donatto, enfim consegui escrever alguma coisa deste meu amigo imaginário que me faz tanta falta! xD

Abraços Amarelos a vocês!


* * *

"Privacidade
(por mim mesmo)

O que é privacidade?
Você querer se privar de algo ou querer que a sociedade se prive de você?
Pergunta engraçada... Resposta sem nexo...

Este assunto me veio à tona ontem, quando passeava pelos corredores da minha faculdade, onde neste corredor e em todos os outros do campus da UNESP - Guaratinguetá pequenas câmeras reinam solenemente na quina superior das paredes, acho que de dez em dez metros tem um aparelhinho preto, com um LED vermelho aceso.

Pensei um pouco comigo, ao bom (ou melhor, péssimo!) estilo BBB:
- Se algum rapaz "ajusta" o seu "garotão", e nem percebe que tem uma (ou mais) câmeras vendo tudo isso?
- E se alguma garota, que por estar atrasada para a aula das 19h15min ("meu Deus, já são 18h e nem tomei banho ainda!") colocou qualquer calcinha (justo aquela tanguinha vermelha que o indigesto ex-namorado deu) e, para incômodo geral da garota, esta calcinha teve um leve desvio do seu curso original atingindo outras partes, e aquele calor todo subindo. E não tendo jeito algum, a garota sai da sala, vai ao corredor, onde NÃO tem ninguém e "ajusta" sua tanguinha...
- Gente cutucando o nariz, tossindo e limpando o muco na calça, jogando papel de bala no chão e chiclete grudado embaixo do extintor de incêndio... coisas do tipo.

A sorte de quem fuma é que agora é proibido fumar nos corredores, porque quando ainda era permitido, os pais do carinha que fumava escondido podia entrar no site da universidade, ficar 24h por dia observando se ele fuma, ou melhor (ou pior!) via se ele saía direto da sala, se estudava mesmo ou não e, justificaria assim, as notas baixas do final de ano.
Tá certo, não tem essa de privacidade mais... tá tudo tão descarado que nada passa despercebido, nada é escondido.
Na verdade, numa melhor resposta, ainda há muita privacidade, ocultismo e segredos em um único meio na sociedade: no congresso, na política, porque nestes lugares não se esconde nada, mas também ninguém procura!
O mundo não se esconde mais, satélites da NASA filmam tudo e divulgam um tempinho depois gratuitamente no Google, tem rumores ainda que alguns destes satélites desbravam paredes e filmam dentro de nossas casas. Acham tudo: gente dormindo pelada, traindo o marido, fumando maconha, comendo lazanha de madrugada, mas não acham terroristas!
BBB, A Fazenda, Casa dos Artistas, e laiá laiá... tudo a mesma coisa, mesma palhaçada, salvando apenas O Aprendiz, que me ensinou muito e teve muita inteligência, mas só, o resto é tudo parecido com os corredores da minha universidade..."
Abraços AMARELAÇOS!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Triste Quase-parada de Donatto Leão

Estudos, faculdade, tempo escasso, trabalho demais no serviço...

Uma penca de desculpas e a principal: empaquei!!!
Não sei se peço ajuda aos universitários, ou o quê? hehehehe
Só sei que cheguei na bendita parte do livro o qual eu tenho que pensar para continuar... aqui estamos no capítulo 6, eu parei de escrever no 13. Porém do 6 em diante, uma reviravolta acontece na história, não tão drástica, mas se eu postar até o 12º e não tiver terminado o 13º ainda... vai ficar chato, porque até aqui eu pude me dar ao luxo de despertar a curiosidade... daqui pra frente não tem jeito... ou coloco tudo, ou espero aparecer minhas idéias...

Querem arriscar eu continuar? Eu acho que tenho chance, e pelo menos 5 semanas (5 capítulos prontos) para postar... por outro lado, faz 1 mês que sento pra digitar e diGRITO, não digito!

Para finalizar, um poeminha recém-criado.

"Falta

A falta do bem, faz o mal
E a falta do mal, faz o bem
A falta da morte, imortal
A falta da vida, amém!

A falta do tudo é o nada
A falta do nada é o tudo
A falta do silêncio é aclamada
A falta do grito, estou mudo

A falta de sentimento é insensatez
A falta de insensatez é chorar demais
Dentre todas as guerras desta vez
Só precisava um pouquinho de paz

A falta do amor é o ódio
A falta do ódio é o amor
A falta por si só é o tédio
E o tédio é a falta da dor

A falta de poesia angustia a gente
A falta de paciênca se faz poesia
A falta do último verso é iminente
..."

Abraços amarelos!

sábado, 15 de agosto de 2009

E Caminhamos!


Olá!
Donatto vem na próxima postagem, hoje outra coisa... para fugir daquele marasmo da fazenda e isso aqui não parar! xD

Ao meu amigo Augusto, não é plágio nem homenagem a você, mas pode considerar homenagem (no final entenderá o por quê de ser homenagem), na possível dúvida, porque o nome deste texto é bem familiar a você....hehehe mas é meu, eu juro!



Caminhando

Na caminhada eu vejo muitos desafios, me lembro daquele poema de Drummond: "No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho".

Nunca entendi direito o que ele quis dizer repetindo insistentemente esta frase, com as orações invertidas. Mas começo a esboçar em minha cabeça que essa inversão de orações nada mais é que a representação de um problema: temos sempre mais de uma solução, ou uma quase solução menos dolorosa...

Falando em dor, dói de verdade quando errramos, sabemos disso e mesmo assim persistimos!

E quando ouvimos um não? Ou levamos um esporro?
Mas poxa: alguém é perfeito? Então por que tanto medo em errar? Por que tanto medo em levar um puxão de orelha de vez em quando? Por que ter preguiça de errar com medo de acertar?

É isso mesmo. Temos medo de acertar. Porque o erro nos pára, bloqueia e nos faz tomar medidas, mas é algo fácil de ver, fácil de apalpar. Um acerto, não!

O acerto nos leva a melhorar, melhorar nos leva a pensar. Pensar nos leva a agir. E assim vai... Temos medo de acertar, porque queremos ficar parados.

Afinal, quem não quer ficar numa cabaninha em Porto Seguro, tocando violão, respirando a brisa serena do mar e tomando uma cervejinha?
Todo mundo!
E quem consegue?
Quem agiu, quem pensou, quem melhorou, quem não dormiu. Quem moveu essa engrenagem!
Ás vezes é bom se matar de estudar, trabalhar e se der tempo respirar um pouco, afinal, pessoas assim que movem o mundo, não o restante, que deve ser pelo menos 99,9% da população.

Essa é uma homenagem e um desejo de bom retorno de aula aos que retornaram hoje, que com certeza devem fazer parte de 0,1% da população... que move o mundo!


Abraços amarelos, próxima postagem, Donatto!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A Biocomplexografia de Donatto Leão - Parte 6

Me dêem as boas vindas de volta. Peço desculpas.

Para não ficar muito tempo parado até que eu edite os capítulos, como não tenho muito tempo e como não quero também postar algo sem revisar antes (ainda mais algo escrito há um bom tempo atrás), vou intercalar os capítulos de Donatto com outras postagens, menores, mas que não precisem de edição. Acho melhor assim, ficar longe daqui é incômodo, fica todo o dia aquele pensamento "Atualizar o blog..." me condenando, então, vou ver se assim melhora...
Abraços BEEEMMM AMARELOS!
fuii!!

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Capítulo 6 – Garanhão?

. Ouvi muito falar nos efeitos construtivos que o Ômega 3 possui para a manutenção do corpo humano, principalmente nos idosos, fortalecendo ossos e auxiliando no tratamento de doenças causadas pela idade avançada ou mesmo disfunções genéticas, fora que consumindo um peixe, por exemplo, além de ingerir o tal ômega 3, você ingere proteínas em proporções iguais ou maiores no caso de ingerirmos uma carne bovina ou suína, mas com a vantagem ainda de consumir menos gorduras.
. Pra que toda essa cultura inútil? Simples: esses estudos acima, por mais que comprovados, nunca foram comprovados na prática por mim (claro, em curto prazo), mas o efeito encorajador, relaxante e libertador no que o álcool nos causa, bem, foi comprovado na prática.
. Terminamos o almoço, fui para a sala, fugindo do olhar curioso de minha avó, depois de passar o almoço todo quieto depois daquele “Menina?”; ainda mais porque minha memória não me negou nada do que Paco tinha dito. Relembrei todos os fatos e desmistifiquei que bêbado perde a memória. Se a perde, é por vergonha, e eu estava com muita!
. Para ser sincero, não precisava ter vergonha alguma, porque não teve nenhum mico memorável na noite, mas o que eu disse, o que rolou com as meninas e o que eu fiz, não era normal para uma espécie rara como a minha, e não queria que a vó Luzia soubesse.
. Paco veio ao meu encontro, e foi dizendo:
. - Quer conversar? – deu uma risada cínica depois.
. - Como eu fiz tudo aquilo? – perguntei com certo humor.
. - Normal, você tem um potencial inacreditável, só você que não sabia disso!
. - Devia saber sim, mas nunca precisei.
. - Aí que você se engana, Don, você sempre precisou. Muita coisa na vida nós precisamos de atitude, encarar desafios, perder a vergonha! Não é só na gandaia não!
. Por mais que achasse o Paco um cara fútil, ele começou a se mostrar um cara muito inteligente, ao contrário totalmente de minha impressão antiga dele. Mas às vezes parecia que era sim aquele cara fútil e gandaieiro.
. Conversamos durante horas, e depois de muitas risadas decidi ficar aquela semana na casa de minha avó Luzia. Meus pais e irmãos não estavam em casa mesmo.
. Para não deixá-los na mão, meus amigos, vou contar tudo o que aconteceu, ou melhor, tudo que eu acho que aconteceu comigo naquela noite, a primeira de muitas que aconteceriam depois. É aquele velho ditado: “Quando abre a porteira...”

***

. Depois de conversarmos sobre a minha “perda de virgindade tardia”, Paco me deu uma cerveja na mão. Fechei os olhos, tomei metade da long neck em uma golada só. Amargou tudo, deu sensação estranha, estufou meu estômago, parecia que tinha comido 1 kg de feijoada.
. Respirei um pouco, e tomei outra golada. Para um principiante na cerveja, ainda mais um principiante que sempre odiou cerveja, não fui nada mal.
. Paco, gostando do que via, já me trouxe outra garrafa e falou para que eu mandasse a ver. E mandei mesmo.
. Três garrafinhas de long neck depois eu me lembro de sentarmos em uma mesinha, um pouco mais distante do centro do Villa Hall Café, onde ficava o bar. Do nosso lado, uma mesa com quatro amigas. Eu e o meu olhar discreto; o Paco e o olhar totalmente indiscreto, direto e reto, para a mesa delas.
. Encarávamos, ambos com nosso jeito, as meninas. Podia não ser o pop star das meninas e nem levar jeito na época de como abordar uma garota, levar um papo e “pegar amizade”, digamos assim; mas uma coisa eu sempre tive, e acho que todos nós temos desde que nascemos: gosto; e eu era bem enjoado.
. Das quatro garotas, duas eram “top models”, e as outras duas, bem, é como qualquer ciclo de amizade feminina, uma era simpática e a outra não tinha jeito mesmo, era feia a coitada. É claro que em aspecto de beleza, as coisas são relativas, e a melhor teoria para definição de beleza o Paco, como sempre, me descreveu:
. “Beleza na balada importa. Não podemos denegrir nossa imagem e a parceira talvez nem precise nos dar o nome ou telefone. Portanto, em balada, a mulher tem que ser "quente".
. Para amizade, qualquer mulher que seja inteligente e legal é ideal, independente da beleza exterior dela, mas claro, se a amiga é mais feia (no seu conceito) é melhor, porque não se mistura desejo com amizade, nem seu, nem dela.
. Para namorar, casar ou coisa do tipo, precisamos de um meio termo, uma pessoa que combine com a gente, seja legal em grande parte do tempo, não sempre, não dá, e também que seja bonita, nem precisa ser linda, afinal todo mundo envelhece. Agora, vaidade importa. Uma mulher que sempre está na moda, se cuida, pinta os fios brancos da cabeleira, cheirosa etc., ah sim, isso é obrigação, mas de todas! Amigas, baladeiras e principalmente da sua própria mulher!
. O pior de tudo, é que toda essa teoria vai por água abaixo, porque gosto, não se discute!”
. Acho que ele falou tudo, e nenhuma pessoa até hoje me descreveu melhor. E por mais que eu tenha sido exigente até os meus 26 anos, eu continuei depois. Mesmo com toda minha inocência e ignorância com relação a relacionamentos, sempre valorizei mais beleza externa do que interna, e deu no que deu com a minha “querida” ex.!
. Voltando à balada, eu não sei que força me impulsionava, mas meu olhar tímido se transformou em um olhar conquistador, e uma das meninas mais bonitas, uma loirinha maravilhosa, estava me mirando. Se os olhos dela fossem o cano de um fuzil, com certeza no outro dia estava sendo velado, e não conversando constrangido com o Paco.
. De repente, Paco rompe o silêncio causado pelas trocas de olhares:
. - Vamos lá, vamos pedir para juntarmos as mesas!
. - Como assim, elas não conhecem a gente!
. - Caramba Don! E você acha que seu pai nasceu já conhecendo sua mãe? “Quem não se comunica, não se trumbica!” – disse a frase célebre do Chacrinha e riu em seguida.
. - Tudo bem, vamos lá então! – não sei da onde vinha essa minha força. Como disse, deve ser o efeito encorajador da bebida.
. - Mas Don, o seguinte, você fala com elas!
. - O quê? Nem pensar! Eu não consigo falar com mulher! Me dá gagueira, sério, Paco!
. - Larga de boilice, primo! Vai lá! Dá a iniciativa, um “Com licença”, depois um “Boa noite, vocês estão acompanhadas?”. Começa assim, só isso, o resto deixa comigo.
. Me levantei, e confesso que não sei da onde tirei a coragem, como disse, e pela primeira vez sem gaguejar nenhuma vez ao falar com uma mulher eu disse. E disse mais.
. Cheguei ao lado das meninas, puxei uma cadeira e desandei a falar. Nisso, Paco impressionado com a cena, pegou outra cadeira e se sentou. Me sentei ao lado da tal “loirinha” que me encarava incessantemente.
. Conversamos durante horas, e as meninas, todas estudantes de Odontologia, tinham um papo muito bom, além de legais. Rafaela, Alessandra, Paula e Fabíola (a “minha” loirinha), todas de 22 anos, exceto a Rafaela que tinha 23.
. Paco se interessou pela Rafaela, também muito linda, e um sorriso exuberante. Era morena, olhos negros, pele branca, bronzeada de sol. Tinha um sotaque nitidamente carioca, mas não tinha muito sebo. Ele não fez muita tempestade e em 1 hora de conversa, o papo bom e o “algo a mais” que ele tinha (não vou de jeito algum falar que ele era bonito, então subentende-se, e como sabem, beleza era de família!), logo já estava aos beijos com a Rafa.
. Na hora, confesso, fiquei um pouco sem reação, porque estava me enturmando ainda, e também achava que minha autoconfiança vinha do Paco, não de mim.
. Quando ele me abandonou, ou melhor, quando ele estava e não estava do meu lado, fiquei me sentindo acuado, com três garotas me encarando e principalmente aquela gata maravilhosa.
. Para meu desconforto, ou para dar continuidade no assunto, Fabíola disse às outras garotas:
. - Meninas, que tal vocês irem dançar um pouco, não esperem por mim, estou cansada! – depois que falou isso, me encarou como se eu fosse fazer algo: pobre garota.
. - Ok amor, até mais então! – disse a Alê e ambas Alessandra e Paula foram para mais perto da bandinha que tinha acabado de entrar e tocava um rock de boa qualidade.
. Deste momento em diante, já devia ter bebido mais um pouco quando por um impulso humanamente legal parei de beber, pois tinha encontrado o limiar entre ficar comunicável e jogado na calçada às 8h da manhã.
. Aproveitei este ápice, e desta vez humamanente improvável desenvolvi uma das frases mais corajosas que já disse em toda a minha vida (a mais corajosa, até aquele dia):
. - Fabi, posso te chamar assim? – ela deu um sorrisinho – não sou um xavequeiro de primeira, não sei se sou bonito ou não, mas sei que não parei de olhar um segundo sequer a esse seu maravilhoso sorriso...
. - Porque você... – interrompendo a contrargumentação dela, a beijei depois que um impulso doido me empurrou para frente de tal maneira que não tive o que fazer; meu corpo estava conspirando contra meu cérebro, ou minha alma, ou sei lá o que coordenava minha excessa timidez.
. Os dois casais ficaram depois um bom tempo conversando, depois dançamos (sim, eu dancei, cantei e quase fui dar uma palhinha no palco) e fomos embora, quase 8h da manhã. Claro, estava acabado, e o Paco, estava extasiado, e não era pela menina, era por mim.
. - Pegou o telefone daquela gracinha? – perguntou o Paco.
. - Ela me pediu, eu dei, e nem precisei pedir, porque logo depois ela me ligou e me mandou gravar na agenda do meu celular.
. - Muito bom primão!
. Foi a primeira vez que encontrei utilidade para um celular.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Calma aí, mano!

PROBLEMAS NO MEU PC!!! ATRASO NO CAPITULO SEIS!!!!

Desculpem-me meus nobres amigos!

Amanha ou depois, promessa, coloco continuação aqui.
mas me senti obrigado a avisar!!!

Abraços AMARELOS!

sábado, 11 de julho de 2009

A Biocomplexografia de Donatto Leão - Parte 5

Pessoal, quem está acompanhando a história, desculpe a demora e a inconstância de postagens, está sendo um CTRL+C e CTRL+V demorado, porque as últimas provas do semestre me enlouqueceram... mas as férias chegaram e serei mais assíduo!

Aos blogueiros que sempre visito, comentarei em breve, muito breve!

Abraços BEEEEEEEEM Amarelos!



Capítulo 5 – Noite na Balada


. Não me lembro da última vez que saí de casa depois das 22h, para ser mais exato, a última vez foi devido a uma virose que peguei no trabalho e fui no pronto socorro tomar soro.

. Chegamos na garagem da minha avó, meu carro estava parado, apenas esperando pela noite de gandaia. A última vez que tinha saído com ele para um passeio, bem, ele foi “arremessado” da ponte e caiu em cima da lona do circo, são as “belas” histórias do passado que por mais que eu queira, eu nunca vou esquecer. Tinha dito anteriormente que esqueceria tudo que havia escrito até o capítulo três, mas digo ser impossível. Tudo que eu sou hoje é graças ao que eu passei ontem, e mesmo que eu diga que me arrependo de algo, no fundo, bem no fundinho, tudo me foi válido, não há arrependimento algum.

. Voltando ao carro, quando estava pressionando o botão do alarme, Paco diz:

. - Me dá a chave, hoje você é o convidado, vai de carona!

. - Mas...

. - Mas nada! Eu te convidei pra sair, e também quero ver se esse seu carro é mesmo o que dizem dele...

. Meu carro não era uma máquina, mas também não era basicão. Eu gostava dele, um Volkswagen Polo, preto, quase zero, ainda mais porque foi refeito e reparado quase tudo depois daquele pulo em cima do circo. O carro até andava bem, mas eu nunca fui de correr, na verdade comprei o carro porque tinha achado o volante dele bonitinho, pode ser bobeira, mas achei o melhor método para escolha na época, até porque engenheiro que é engenheiro sabe muito bem fazer um carro, projetar um carro, mas não sabe escolher, ou melhor, demora tanto pra escolher que no final compra o mais barato.

. Como eu não sabia dirigir por São Paulo, mesmo morando há uns 10 anos na cidade, principalmente à noite, que parece impressionantemente que a cidade se transforma em outra, cheia de luzes, cores e, principalmente, de mendigos e maconheiros.

. - Está bem, mas por favor, tome cuidado, meu histórico não é legal na seguradora...

. - É rapaz – disse Paco, com uma voz sarcástica – ouvi dizer que você quis entrar num circo de graça...

. E nós dois caímos na gargalhada.


***

. Chegando no tal Villa Hall Café, por incrível que pareça achei um lugar além de familiar muito interessante.

. O lugar era parecido com os pubs londrinos, com uma aparência mais abrasileirada, bem colorido por dentro e um bar ao centro com uma infinidade de bebidas e pelo menos uns oito coqueteleiros.

. Para quem gosta de variedade de bebidas e um som agradável, variava entre rock’n’roll clássico e blues de raiz, vez ou outra mpb, um clima que eu até me senti contagiado.

. Agora, para quem gosta mesmo de mulheres, meu Deus! O lugar era um paraíso dentro de São Paulo! Paco percebeu, logo que entramos no local, a minha cara de espanto ao ver tanta mulher bonita, e foi logo dizendo:

. - Você achou tudo isso legal? Tem lugar muito melhor, isso, ao meu ver, no seu caso, é só o começo!

. - Você não pode estar falando sério!

. - E te digo mais, se interage com a galera, que a gente “agita” alguma coisa pro final da noite!

. - Poxa vida, Paco, além de enferrujado, não estou acostumado com essas coisas...

. - Don, caramba, você tem quase 27 anos! Não é aceitável você me dizer que não consegue se interagir, ainda mais com essas gatas!

. - Cara, pra falar a verdade, nem sei como consegui namorar!

. - Me diz uma coisa, primo, a Fátima foi a sua única mulher até hoje?

. - Cara, se eu te falar que foi... – disse com a maior vergonha possível.

. - Mas Don, tipo, você ta falando de “finalmentes” ou nem um beijinho aqui, outro ali?

. - Pois bem, Paco, pra ser sincero ela foi a primeira em tudo! Eu não era desse mundo, aliás, acho que ainda não sou!

. A conversa fluía muito bem, nunca me imaginei conversar algo deste tipo com “o” primo, sendo que esse “o” significa o pior dos primos que existiu no passado. Como disse, ele só aprontava comigo e eu caía sempre nas armadilhas dele. Ironia do destino, ele parecia um cara legal.

. - Então, Don, hoje é o seu dia! Fica tranqüilo que vamos chegar cedo em casa!

. - Ah, que bom, assim a vó acha que dormimos tranqüilos...

. - Sim, se na hora que a gente chegar ela ainda não tiver acordada para fazer o café, acredito que passaremos despercebidos! Mas ó, um segredo pra você: quando a vó Lourdes falou contigo no telefone, ao desligar sabendo que você viria aqui, ela gentilmente me pediu que te levasse junto, porque ela acha você muito sozinho nesse seu mundo inventado aí. Como eu sou um neto muito bom, não ia negar isso né? Chega de papo vamos tomar uma cerveja!

. - Não gos...

. Antes de terminar a palavra, Paco colocou uma cerveja em minha mão e disse:

. - Relaxa, cerveja é apenas uma questão de costume, no começo parece ruim, mas quando acostuma é um vício louco. Bebe, e falando como um nerd, pesquisas recentes a colocam como um bom remédio para hidratação.

. - Ta bom.

. Tomei o primeiro gole e não foi bom.

. Tomei o segundo gole, não preciso dizer.

. No terceiro gole... o Paco tinha razão. Perdi noção do tempo e espaço, quando olhei já tinha bebido cinco long necks. E como cerveja, por mais fraca que seja, para um mero iniciante dá um grau violento, fiquei bêbado. Mas parece que não fiquei chato não. Só não lembrava de nada!


***

No dia seguinte, minha avó, com um sorriso impressionante, me aguardava no almoço, junto com Paco, com todo aquele sorriso galanteador que só ele tinha.

. - Bom dia, neto querido! – disse minha avó – gostou da noite de ontem?

. - Oi vó, não sei como dizer – disse meio embaraçado – mas não me lembro de muita coisa... me lembro de entrar, conversar um pouco com o Paco, e depois me deu um branco!

. - Liga não, pessoal – disse o Paco rindo da minha cara – problemas de principiante. Hoje você fica para sairmos de novo? As meninas ficaram com saudade, já me ligaram no celular e aquela loirinha... qual o nome dela mesmo... enfim, perguntou de você, garanhão!

. - Menina?

. Acho que uns três minutos de silêncio rondaram por aquela mesa da cozinha na casa da minha avó. O mais engraçado que aquele comentário do Paco desencadeou uma série de acontecimentos na minha memória, comecei a esboçar a noite de ontem, do novo Don, ou do Don que sempre existiu, sem meia dúzia de cerveja e uma tonelada de incentivo.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A Biocomplexografia de Donatto Leão - Parte 4

Pessoal, desculpa a demora, semana difícil: provas, provas, gripe, rinite, provas etc.!

Espero que esteja à altura dos leitores! XD
Abração beeeem amarelo.

Capítulo 4 – Recomeço.

. Toda história romântica tem um recomeço, toda novela tem casamentos no final, e o mocinho casa com a mocinha.
. No meu caso, o recomeço foi solteiro, após três tentativas frustradas de suicídio, uma crise incessante de riso (que eu já desconfiava ser risada de desespero, não de felicidade), com uma casa cheia de móveis novos, mas vazia de pessoas.
. Resolvi não me mudar, guardei todos meus móveis novos que não utilizaria no momento em um quartinho da casa de meus pais e voltei para lá. Ou melhor, nem saí.
. Não queria recomeçar tudo sozinho, mudar minha rotina apenas para sentir como seria se eu fosse só. Não era o momento, até porque como que uma pessoa sozinha, que trabalha praticamente o dia todo teria tempo para: fazer comida, lavar a roupa, limpar a casa, alimentar o cachorro e ainda sobrar tempo para um pouco de Resident Evil no videogame?
. Então pedi carinhosamente que meus pais entendessem que aquele papo de estar de partida nada mais foi que uma suposta vontade de me casar e viver feliz para sempre. Mas nada me impediu de ser feliz para sempre, nem de me casar.
. Uma semana depois da frustrada autotentativa de mandar me matar, o burro do Cuspinha me ligou, e bandido por mais chulé que seja é uma desgraça. Eles têm a capacidade de nos encontrar e torrar nossa paciência. Não sei como ele encontrou o número do meu celular, até porque eu ligava pra ele de um telefone público...
. - Aqui é o Cuspinha, malandro! Tu tentou armar cilada pra mim, “bródi”? Só que eu sou ligeiro! Sorte aí que não vou te cobrar um tostão da grana que pedi, mas merecia!
. - Meu filho, se você é burro, problema seu! – respondi num tom irônico que intitulei “Irônicus 1”, o qual nunca tinha experimentado na vida – Eu te contratei para me matar, será que era tão difícil fazer isso?
. - Tu é maluco, “mermão”? Nem eu que sou um bosta, não tenho nada, faço “as merda” que faço pra poder comer, ô otário! Se matar pra quê? Esse bando de filhinho de papai que tem tudo fica fazendo isso mesmo.
. - O que você tem a ver com isso, mané? – respondi com maior rigor na voz que pude.
. - Eu? Tenho sim, você acha que sou besta. Se te matasse, como você ia me pagar?
. - Não tinha pensado nisso...
. Neste momento, o Cuspinha desligou o telefone. Acho que ficou inconformado com o golpe que eu daria nele, que mesmo sem pensar eu faria.
. Mas essa ligação, por incrível que pareça, mudou minha vida. Sem querer, o Cuspinha serviu como um SOS Samaritanos, porque a frase em que ele disse achar engraçado nós, “filhinhos de papai”, que inclusive nunca fui, mas tive sim mais oportunidades do que o Cuspinha, e mesmo assim, ele repudiou o meu desejo de suicídio.
. Não preciso dizer o quanto aquilo me tocou, não é? E resolvi, mais do que nunca, mudar a minha vida, meus hábitos, e largar a mão de ficar tentando zerar o Resident Evil setenta e duas vezes para ver se dava algum bônus de fase extra.

***

. Já era Setembro de 2010, uns 6 meses depois de ficar solteiro, estava apenas trabalhando e me preparando para um mestrado no ano seguinte. Resolvi tirar o resto do ano apenas para descansar. Os últimos 26 anos de minha vida tinham sido duros.
. Pode parecer coisa de afeminado, mas como sentia falta do meu amigo Luciano! Essa época iríamos nos divertir muito. E o coitado, acho eu, nem namorada teve antes de morrer. E depois que morreu, bem acho que não teve, a não ser que tenham mudado as coisas após a morte...
. Meus pais foram viajar para o nordeste, e numa tentativa incansável de me ver feliz, me convidaram para ir junto, afinal todos meus irmãos também iam.
. - Vamos, Donatto, vai ser legal um passeio em família! Faz tempo que não viajamos todos juntos... – disse minha mãe, com uma voz aveludada que só mesmo a Dona Mariana tem!
. Apenas para constar, a última viagem em família foi muito "divertida": fomos ao parque de diversões. Acho que tinha uns 18 ou 19 anos.
. O passeio de sorte começou logo cedo. Tínhamos comprado o pacote de 6 ingressos pela Internet, mas na hora que chegamos lá, o sistema on-line do parque de diversões estava sem sinal, ou seja, não tinha como confirmar o pagamento feito pelo meu pai. A mocoronga da atendente disse que iria ressarcir o valor pago após o retorno do sistema, mas, bem, acho que até hoje meu pai recebeu esta verba; ele até deixou o endereço, telefone e e-mail com a atendente, mas a única coisa que eles deram com isso foi dor de cabeça! Porque enviavam a cada 2 semanas folhetos do parque, mandavam aqueles spams nojentamente enormes que lotavam a caixa de e-mail do meu pai (acho que naquela época, a Google não tinha criado ainda o Gmail com espaço liberado na caixa de e-mails).
. Depois que entramos, e o meu pobre pai teve que pagar dobrado a entrada e ainda perdeu o descontão para clientes que fazem a compra on-line, meu irmão mais novo, que naquele ano tinha acho que 5 anos se perdeu, quando estávamos na fila da roda gigante. Ele viu um palhaço vendendo balões de gás hélio e saiu atrás do vendedor.
. Duas horas de desespero depois, ele estava sendo anunciado pela guarda do parque: “Uma criança se perdeu! O nome é...Moleque, qual seu nome?... porra! Pais, quem perdeu alguma criança? Ele não quer me dizer o nome. Favor aparecer aqui na central de achados e perdidos”.
. O Airton sempre foi daquele jeito turrão, desde pequeno. E ele na verdade nem estava preocupado por estar perdido, nem chorando ele estava quando chegamos à salinha de achados e perdidos. E digo mais, se nós fossemos embora e ele ficasse, se tivesse conseguido um balão de hélio, não se importaria em ficar abandonado, até que o balão estourasse ou voasse ao “infinito e além”.
. Pra piorar tudo, minha irmã, Claudinha, 4 anos mais nova que eu, comeu um lanche apetitoso no snack bar e foi logo depois no elevador. Nem preciso dizer que ficaram armazenados no cérebro dela até hoje pedaços de carne de hambúrguer, por causa da gravidade.
. Já era umas 18h, e meus pais, coitados, estavam esgotados. A sorte de meu pai é que eu já tinha carta nessa época, mas no estacionamento eu enrosquei minha perna direita no arame de proteção de um canteiro e torci meu tornozelo. . Só para fechar com chave de ouro.
. Depois dessa viagem emocionante, não viajei mais com eles. Acho que grande responsabilidade foi por estar namorando e somando isso ao trabalho e aos estudos, sem chances de passear.
. Voltando à Setembro de 2010, resolvi não ir dessa vez com eles, mas prometi viajar junto na próxima. Queria um tempo sozinho em casa para testar minha síndrome do pânico. Melhor coisa que fiz.
. Fui levá-los no aeroporto, em São Paulo mesmo, mas resolvi dormir na casa de minha avó, pois já era tarde, e ela morava bem perto de Cumbica, em Guarulhos.
. Cheguei lá umas 22h, mais ou menos, e encontrei meu primo, que morava na Alemanha mas estava de férias por aqui visitando minha avó, se arrumando para sair.
. - Don, quanto tempo! – disse ele, ao me ver – poxa vida, não devo te ver há uns 10 anos!
. Pois é, ele não me via há 10 anos mesmo, e a última vez que vi o Paulo, ou carinhosamente chamado de Paco, ele tinha dado umas 3 porradas na minha cara e falou aos meus pais, quando eu cheguei em casa, que ele me salvou da mão de bandidos, que bateram em mim e roubaram minha carteira (na verdade, ele pegou o dinheiro que tinha na minha carteira para comprar cigarros e cerveja).
. Ele regula mais ou menos de idade comigo, um ano mais velho que eu.
. - Fala Paco, não sei o que é mais milagre: eu ou você estar visitando a vovó.
. - Pois é, resolvi ficar por aqui alguns meses, as coisas na Alemanha não estão nada bem para o meu lado. Não aceitaram a renovação de meu visto por causa de alguns problemas que eles andam tendo com estrangeiros. A minha sorte foi conseguir dispensa do trabalho e certeza de renovação com minha volta.
. - Ah, mas pensa bem, Paco, aqui você pode distrair a cabeça um pouco... vai aonde? – perguntei, ao vê-lo colocando o par de Adidas nos pés.
. - Vou rever uns amigos, marcamos um encontro no Villa Hall Café, está afim de ir? – e antes que eu conseguisse responder algo, ele emendou – Ah, vai dizer que você continua aquele bicho do mato, que só pensa em videogame.
. - Pois é – respondi meio envergonhado – mas aos poucos estou abandonando essas manias.
. - Você não é cheio de manias, só não tem a companhia certa. Vá, se ajeita, vem comigo!
. - Não dá, cara, eu nem trouxe roupa para sair, e como você já disse, sou bicho do mato. Não bebo, não fumo e não sou muito chegado em som alto.
. - Larga de desculpa! Roupa, pode ficar tranqüilo. Eu trouxe meu arsenal junto comigo. Vai se trocar, se você não se divertir, nunca mais te chamo para sair, mas com certeza você vai se viciar com a vida noturna. Se prepare!
. - Mas e a vó...
. - A vó só acorda amanhã cedo, cara! Vamos, por favor, faz tempo que não ando por estas ruas de São Paulo, quero chegar lá pelo menos com alguém conhecido!
. Me vi sem opção, minha avó já estava dormindo, então não tive a desculpa de esperá-la acordar, até porque de qualquer forma teria que esperar até amanhecer. . Mas a diferença era que, ao invés de esperá-la dormindo iria esperá-la acordado. Realmente o que tinha dito a ele era a mais pura verdade. Mesmo em meus anos de namoro com a Fátima, poucas as vezes foram a que saímos para esse tipo de lugar, baladas, bebidas e cia não faziam parte da minha vida, mesmo que ela gostasse disso.
. Me arrumei, aliás como nunca tinha me arrumado. O Paco só tinha roupas de marca, perfumes caríssimos, que, é claro, como tudo foi comprado “próximo a fonte”, na Europa, tudo foi mais barato, mas mesmo assim, era tudo muito diferente de meu estilo: camiseta estampada, calça jeans e tênis Puma.
. - Vamos ver no que vai dar... – pensei comigo mesmo.




TO BE CONTINUED...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

A Biocomplexografia de Donatto Leão - Parte 3

Continuando...
Obrigado a quem lê e a quem lê e comenta.
Uma boa semana a todos.
Abraços BEEEM AMARELOS!!!
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Capítulo 3 – Fátima

. Me apaixonei por ela, e, sem compreender, ao lado dela eu perdia completamente a timidez. Me lembrei de como era com meu finado amigo Luciano. Conseguia falar duas ou três palavras e conjugava corretamente o verbo quando falava com ela. Bom sinal.
. Não esqueci da amizade que tinha pelo Luciano, mas conhecer a Fátima me fez ter uma visão turva de passado com meu grande amigo.
. Numa tarde de quinta-feira, quando estudava Química Orgânica na Sala 103 do Colégio Gustavo Hertz, onde fiz o pré-vestibular em São Paulo, Fátima entrou na sala, com o intuito de estudar comigo, ou outra intenção. Na verdade não sei dizer ao certo até hoje, e nem me interessa mais também, claro.
. O que sempre desconfiei é que ela tinha dó de mim mesmo, porque dos 80 alunos que minha sala tinha, 79 conversavam entre si, e eu comigo mesmo. Comigo e com meu Game Boy Advance ®.
. - Posso estudar com você? – Disse ela, com aquela voz linda que só ela tinha.
. - Comigo? Certeza? Estou estudan...
. - Química Orgânica? Me ensina, sou péssima em Química Orgânica.
. Assim ela conseguiu, como um milagre, puxar conversa comigo. Afinal, eu era um nerd recalcado.
. Passava noites em claro sonhando em beijá-la, e aí que entra a história do guarda-roupas. Desenhei uma boca na parte interna dele e simulava beijos para saber se eu levava jeito. O problema que tinha me esquecido, era que a boca não era plana, nem de madeira.
. Certo dia, novamente estava eu, estudando Química Orgânica de novo, e ela apareceu.
. Fechou a porta, passou ao meu lado e eu já sentia o seu perfume de flores do campo. Parecia com o cheiro do talco que minha mãe me passava para ir ao colégio aos 10 anos, que me deram o carinhoso e simpático apelido de “Pompom”. Azar, gostava daquele cheiro.
. - Oi Donatto, Química Orgânica de novo? – ela falou e eu tremi. Pressentia algo.
. - Sim, como sempre, nos encontramos na Química Orgânica!
. - Ah Donatto, então você acha que temos Química? – disse ela, sorrindo, e eu, idiota.
. - Temos sim, às segundas nas duas primeiras aulas, e hoje são as duas últimas.
. - Não. Outra Química?
. - Ah ta, desculpa Fátima. Esqueci. O plantão é as 18 horas de sexta. Tem dúvidas?
. - Tenho sim, Donatto, tenho sim. Me ensina a sua Química!
. Juro por Deus, não entendia nada daquela conversa torta. Como eu era idiota, e como ela era paciente. Infelizmente depois que começamos a namorar, ela ficou idiota e eu paciente!
. Como eu não entendi as indiretas mais diretas que ela tinha me dado, ela saiu da sala, com certo descontentamento. Eu continuei estudando.
. À noite, na novela das oito (sim, assistia a novela, escondido em meu quarto, para ver os atores se beijando e tentar entender toda aquela engenharia), ouvi o casal principal conversando sobre rolar uma Química entre eles. Naquela hora me senti como aqueles desenhos em que o Tom tem uma idéia e aparece uma lâmpada dentro de uma nuvenzinha. Ela me deu bola e eu não liguei.
. O que eu não sabia era que foi a melhor coisa que fiz, porque a rejeição a deixou mais louca ainda por mim.

***

. Cheguei na aula, no outro dia, e o rapaz da minha frente, um skatista apelidado de “Shape”, por causa de seu físico magricela, me entregou um recado e disse:
. - Mandaram te entregar. Não sei quem foi, então não me pergunta, cara!
. - Está bem!
. No bilhete estava escrito: “Te espero às 18h na Lanchonete do Quinho. Mata o plantão de Química Orgânica hoje. Estarei com uma blusinha amarela. Beijos”.
. Na hora, como sempre ficava ao faltar ar em meus pulmões, fiquei verde. E não era o reflexo daquela camiseta “SK8ER Boy” que o Shape usava. E às 18h fui lá.
. A lanchonete do Quinho era um lugar descolado, aonde todo mundo do cursinho ia lá para comer, matar as aulas maçantes de Física Geral e tomar cerveja ou pinga com refrigerante vagabundo. O lugar era bem limpinho sim, mas mesmo assim nunca tinha entrado lá.
. Vestia meu Allstar preto, meu jeans surrado e minha camisa xadrez cinza. Eu parecia um Grunge. Tive sorte naquele tempo, porque nos dias de hoje me chamariam de Emo.
. Olhei para todos os lados, vi todas as cores, uma salada de frutas de pessoas, menos a bendita banana. Não tinha ninguém de amarelo, e eu tinha jogado fora o bilhete, com medo de alguém ver.
. Ficou a dúvida: estava escrito amarelo mesmo? Quem era? Raios!
. De repente, senti seu perfume... era Fátima! Olhei para trás, ela não imaginava que eu chegaria pontualmente às 18h e resolveu atrasar um pouco. Estava de amarelo.
. Foi o amarelo mais bonito que já tinha visto, mas tempos depois, em visita à Macchu Picchu no Peru, vi algumas peças de ouro mais bonitas.
. - Você recebeu meu recado, então? – Disse ela, com um belo sorriso no rosto.
. - Era seu? – Que vergonha de minha vergonha. Se tem alguma coisa que eu me arrependo de ter feito é de não ter feito várias coisas por ser um idiota tímido.
. - Sim, até achei que não viria...
. Nessa hora fiz umas duzentas e quarenta e oito orações para que ela me beijasse logo, porque eu não teria tal atitude.
. - Vamos sentar! – disse com uma gagueira total – Quer um suco?
. - Prefiro Coca.
. - Comum ou light?
. - Don, posso te chamar assim? Deixa que eu peço ao garçom, você está meio esquisito.
. - Ok, eu quero suco de maçã.
. Neste momento ela começou a rir, não sei por qual motivo, mas acho que suco de maçã na minha idade era um tanto quanto quadrado. Azar, eu gostava, e ainda gosto. Suco de maçã com saquê fica uma delícia!
. Papo vai, papo vem, acho que duas horas depois, ela já estava totalmente doida para me agarrar, e eu nem tirava as mãos do bolso. Uma hora ela ficou irritada e me perguntou:
. - Donatto, você é gay ou não faço o seu tipo?
. - Como assim, Fátima? – dei de louco para viver – te acho linda e não sou gay. - não sei como saiu isso da minha boca.
. - Por que você não me beija, então? – disse ela, com uma voz irritada e excitante.
. - E por que VOCÊ não me beija, então? – respondi, uma idiotice, que deu certo.
. Ela me agarrou pelo colarinho fechado de minha camisa de flanela xadrez, deu um beijo estilo desentupidor de pia, que quase fiquei sem ar, ou seja, verde.
. - Agora está bem? – disse ela, sorrindo.
. - Já estamos namorando? – mais uma ingenuidade de um ser que não era do seu tempo.
. - Tão rápido assim? Tudo bem...
. A sorte maior minha era ser bonitão e ela por uma estranheza toda gostar de mim.
. Foi assim, durante um ano foi uma maravilha.
. No segundo ano, chegamos nos “finalmentes”, claro, se dependesse dela, aconteceria no primeiro mês, mas eu era muito ruim para perceber indiretas e aprender a beijar e a transar no mesmo ano era muito para minha cabeça. Mas depois da primeira, diariamente "batia o cartão".
. No terceiro ano, depois de uma briga, ela saiu, encheu a cara e beijou um tal de Edmundo.
. O que? Já ouviram falar nesse nome antes? Ah sim, mas não, era outro Edmundo.
. O cúmulo da falta de sorte com Edmundos, realmente.
. No quarto ano de namoro, por incrível que pareça foi o melhor ano junto dela. Viajamos pela América Central e do Sul nas férias, como mochileiros, e foi muito bom. Parecia que tudo tinha sido resolvido entre nós, mas não podíamos casar ainda, queria me formar primero.
. No quinto ano, brigávamos 1 dia da semana no mínimo.
. No sexto ano, brigávamos 2 dias da semana no mínimo.
. No sétimo ano, brigávamos 3 dias da semana, no mínimo e em 2 destes ela me traia com um tal de Ulysses.
. No oitavo ano, que foi o último, brigávamos 5 dias da semana, sendo que dois dias que não brigávamos ou eu trabalhava ou ela estava com um tal de Estevam.

. Por fim terminamos, naquele fatídico dia em que ela me deixou à pé no motel e correu para os braços do Edmundo (Edmundo 2), com o meu carro!
. Pois bem, agora vou parar de lembrar disso e este capítulo 3 será pouco lembrado após este ponto final.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A Biocomplexografia de Donatto Leão - Parte 2

Continuação, como prometido.
Boa semana à todos!
Abraços amarelos, Daniel.
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Capítulo 2 – Gorduchinho

. Como disse, nunca tive vontade de rir. Claro, hipocrisia de minha parte, dizer que nunca ri até meus 26 anos. Tive momentos felizes, mas não foram suficientes para dar aquela gostosa dor no estômago de tanto rir. Ou chorar de rir.
. Achava tão estranho quando alguém me falava que tinha “chorado de tanto rir”, afinal, na minha visão, chorar era inversamente proporcional a rir.
Nasci num dia chuvoso. Meus pais engravidaram sem querer, por isso a vida toda fui chamado de “filho do susto”, porque não era a intenção.
. Eles eram muito novos, não tinham condições de cuidar nem deles próprios, quiçá de uma criança? Meu pai tinha 20, minha mãe tinha 19.
. Na escola era motivo de cochicho a idade deles, porque meus amiguinhos tinham pais com 40 anos, 50 anos e tinha uns com pais de até 60 anos! Meu pai me falava que era bom que eles fossem jovens, porque eu não agüentaria ficar o dia todo ajudando minha mãe a fazer crochê ou vendo Gugu aos domingos com meu pai. Fora que quando nos formamos, poucos eram os amigos que tinham, como eu, os pais ainda vivos. Essa era a vantagem, mas a desvantagem era toda aquela habilidade de meus pais em cuidar de um filho.
. Minha mãe não sabia que eu precisava ser vacinado, achava que se ela colocasse a chupeta na minha boca eu iria dormir e nunca quis me dar de mamar no peito, porque ela tinha medo que eu arrancasse os seus bicos (ela não se tocava que nem dentes eu tinha!). As minhas avós a cornetavam tanto, dizendo que eu não era uma boneca, como ela estava acostumada, e que um paninho só não adiantaria para a minha higiene, muito menos me deixar dormindo sem fraldas.
. Antes mesmo de sair do hospital, toda minha falta de sorte começou.
. O médico que realizou meu parto, um tal de Dr. Jerônimo de Albuquerque, deve ter feito medicina no Instituto Universal Brasileiro. Nada contra cursos à distância, mas o retardado não fez os exames necessários, me derrubou sem querer no chão e quase me matou ao me afogar inocentemente na banheira, onde a enfermeira iria tirar toda aquela gosma que fica em qualquer bebê.
. Depois disso ele matou mais algumas crianças, até que seu registro no CRM foi cassado. Hoje em dia ouvi dizer que ele ganha muito dinheiro fazendo aborto em uma clínica clandestina, um absurdo, claro, mas pior é quem o procura.
. Com 1 mês de vida, devido a todo o erro médico, fui liberado para enfim sair e respirar novos ares. Como era inverno, esses novos ares me geraram uma gostosa e dolorosa pneumonia. Mais 1 mês internado.
. Saí novamente do hospital, mas como era esperado, estava desnutrido, muito abaixo do peso, então minha mãe me empaçocou de mingau, leite, papinha e engordativos infantis. Acho que ela estava tão desesperada que até cachaça experimentou me dar, porque seu tio da roça falou que “abria o apetite”. Coitada dela, coitado de mim. Engordei, parecia uma bolinha, ou bolona, daquelas de parque de diversões, que furam no primeiro “pong” no chão.

***

. Meu pai se formou na faculdade, Arquiteto, e enfim arrumou um bom emprego. Eu já tinha 3 anos. Eles então fizeram minha primeira festinha.
. Convidaram a cidade toda, como a gente morava ainda numa pacata cidade do interior, esse meu exagero nem foi tanto. Convidaram umas 200 pessoas, pelo menos, e gente que nem me conhecia.
. Bom para os convidados, que se empanturraram, não me deram presente, sujaram toda a casa da minha Vó Dita e picaram a mula, na hora que meu avô apareceu com a espingarda mandando todo mundo à merda, porque era o único sensato naquela casa.
. O prejuízo da festa foi tamanha, que meu próximo bolinho veio somente aos 6 anos. Convidaram apenas os amiguinhos da escola. Tinha umas 30 crianças na minha sala, mas como a maioria me achava esquisito, apareceram umas 12 crianças, sob a promessa de comer todas as balas de coco, todos os bombons e sair, antes mesmo do parabéns. Foi bom, uma festa para a família, que foi o que restou, exceto meu tio Timóteo, que foi embora antes da primeira hora da festa, alegando estar passando maus bocados por causa de uma coxinha de frango estragada que ele tinha comido na pastelaria do japonês Hikari. Nem presente o muquirana deixou!
. Quando fiz 12 anos, por uma felicidade, dei uma boa esticada na minha altura, e a fama de bolinha se foi.
. Me tornei um belo adolescente, mas sem amigos, e os que tentavam se aproximar não suportavam minha falta de assunto. Quem não se interage, não tem papo mesmo.
. Teve uma menina, a Neide, cujos olhos verdes eram tão belos que jamais vi iguais, que tentou me roubar um beijo certa vez. Como disse, eu era bem bonito, não que não seja mais, mas adolescente sempre é feio, cheio de espinha na cara e coisas do tipo. Eu não, era bonitão, e o melhor de tudo que pela minha altura eu parecia ter uns 18 anos, quando na verdade tinha 13.
. Nos intervalos do colégio que eram regados de beijocas, jogos de futebol e truco, minha maior diversão eram os jogos eletrônicos, ainda mais depois que consegui, com muita economia e esforço, comprar um Game Boy Color ®, e jogava o intervalo todo ou até a bateria acabar. Nesta época conheci um amigo: Luciano.
. Luciano era como eu: parecia louco mas não era, introvertido e sua única diversão era comer bastante bobeira, jogar videogame e ser chamado de maluco pelo resto da turma.
. Começamos a jogar videogame juntos. Um dia eu ia à casa dele, no outro ele ia em casa. E na escola todos chamavam a gente de doidos varridos, só que agora economizavam garganta, chamavam ambos de “Casal gay”.
. Nos formamos na oitava série juntos, fizemos o ensino médio juntos, e, faltando 6 meses para nossa formatura, decidimos fazer uma viagem para o Pantanal, porque Luciano tinha a mania de catalogar aves, e gostaria muito de conhecer as aves de lá. Como eu colecionava apenas frustrações, decidi acompanhá-lo. Para os nossos pais, era tranqüilo, até porque com a economia em não pagar o baile e a viagem de formatura, sobrava dinheiro se pagassem apenas esta singela viagem. Iríamos ficar em uma pousada simples e barata, com a única promessa de trazer lembrancinhas para todos.
. Uma semana antes da viagem, Luciano morreu. Foi atropelado por um funcionário da prefeitura, que bêbado, passou com o caminhão de lixo em cima do rapaz.
Quando fiquei sabendo, chorei durante umas 2 semanas seguidas, e fui internado por desidratação e desnutrição, porque não comia, não bebia e chorava. Os pais dele não ficaram tão transtornados quanto eu. A única pessoa que pensava como eu, agia como eu e me entendia havia morrido. Daquele jeito.
. Meus pais tentaram agradar, me compraram um videogame novo, mas tudo relacionado a comportamentos “nerds” e produtos tecnológicos me lembravam dele. Não adiantava.
Estava bem de notas, mas com o fracasso de meu último bimestre na escola, o diretor achou melhor me reprovar. Porém meu pai o fez mudar de idéia depois de umas três ou quatro pancadas na cara dele.
. Minha vontade de passar no vestibular se foi, não consegui nada. Então passei o ano de 2002, quando completei 18 anos, fazendo apenas cursinho pré-vestibular, em um bom colégio de minha cidade. Mas meu pai, visando melhoria de vida, já que sustentava ele, eu, meus dois irmãos, minha irmã e minha mãe, se mudou para São Paulo.
. Comecei tudo de novo e não passei no vestibular. Mas foi bom, no colégio que estudei em São Paulo, conheci a Fátima.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

A Biocomplexografia de Donatto Leão - Parte 1

Olá, pessoal!

Semana atribulada, cheia de coisas, demorei mas estou aqui.

Mais uma vez, resolvi inovar, ou renovar. Tem uma história bem grandinha que escrevi e ainda não terminei, quase um livro, e estou pensando em fazer como aqueles escritores (verdadeiros escritores, não pessoas como eu que brinco de escrever) fazem semanalmente em jornais, como o caso do famoso e saudoso Douglas Adams com a maravilhosa história do Mochileiro das Galáxias. Desta história, aliás, retirei o subtítulo do meu blog, como verão a seguir. Se quiserem, claro!

Começo hoje, com a primeira parte, ou primeiro capítulo, dessa história e espero que gostem, ainda mais espero ter paciência para conseguir terminar, e ajudas serão bem-vindas, críticas, mais ainda! Afinal não está finalizado e precisa de muita revisão! Quem sabe vira um "Você Decide?" ehauehauehauehaueha

Um abraço, e mesmo que haja outra postagem minha aquém à continuidade da história, vou manter sempre a sequência.

Abraços!

Daniel, Amarelo

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A Biocomplexografia de Donatto Leão

Prefácio

. Donatto Leão era um homem, como tantos outros, com a história de vida parecida com muitos Joãos (ou Joões, grande questão), de muitos Josés, Joaquins e Rafaéis (ou Rafaels, se preferir!).

. Viveu até os noventa, mais precisamente, noventa e seis anos, sete meses, quatorze dias e dezesseis horas.

. Uma marca que sempre nos faz lembrar dessa bela pessoa que foi o "Seu" Donatto, era o seu sempre fiel sorriso, seu carisma, suas piadas e sua enorme capacidade de ser um exímio contador de histórias, de histórias com H, pois eram de sua própria vida. E o mais engraçado é que sua vida, ou melhor, sua vida feliz, começou aos 26 anos, depois de três tentativas de suicídio e desilusão amorosa, fatos que o fizeram rir muito depois.

. Morreu sorrindo, de morte natural, dizem as más (ou boas) línguas, que Donatto morreu de tanto rir... A data da morte, 16 de Novembro de 2080, mas ele vive rindo da nossa cara em algum lugar no Cosmo...

. Sou grato de ter gravado em minha humilde mente grande parte das histórias deste homem, e espero passá-las da melhor forma possível. A sua frase, célebre frase, ainda ecoa em meus pensamentos:

"Riu. E de tanto que riu a sua dentadura caiu."


Capítulo 1 - Começando a sorrir

. Às vezes penso como se não fosse feliz, ou sei lá, o trabalho me deu muito stress, os estudos mais ainda, e penso que muitas vezes perco tempo valioso de minha vida com essas coisas, que são necessárias, com certeza!

. Infelizmente sei que não me empenhei mais nos estudos por causa de meu namoro frustrado com a Fátima, que me tomou muitos finais de semana que poderia estar em algum grupo de estudos e não ter passado apreensão e nervosismo esperando para entrar na faculdade por ter ficado na lista de espera.

. Nosso namoro durou 8 anos. Muita gente pensa "Ó, quanto tempo e não casou?" - sorte né? Se tivesse casado, ela levava metade de tudo...

. Começamos o namoro, eu com 18 anos e ela com 16. Eu era carinhoso: ela era nervosa. Eu era estudioso: e ela, preguiçosa que só ela! Mas eu a amava... e como amava!

. Nosso namoro foi bom. Foram 8 bons anos. Não posso cuspir no prato em que comi (yeah!), e brincadeiras à parte, descobrimos tudo juntos. Afinal eu era um bosta. Nem selinho eu tinha dado antes dela, a não ser que conte os beijos que eu dava no meu guarda-roupas para ver se sabia alguma coisa. E o pior de tudo! Sem me gabar, eu sempre fui muito bonito, e a meninada dava tanto em cima de mim, e uma mais bela que a outra. Dava até dó...
. Dó delas, porque se sentiam feias e rejeitadas e dó de mim, que era chamado todos os dias de bichinha e frígido, pelos invejosos da escola.

. Mas voltando à Fátima, nos dávamos muito bem, tirando as diferenças, tirando os três pares chifres que ela colocou em mim e fiz vista grossa, tirando ela ter matado todos os peixinhos douradinhos do meu aquário por "falta de atenção" e coisas do tipo. . Como eu disse, eu era paciente e a amava, ou a amava porque era paciente. Não interessa mais!

. Entrei na faculdade aos 20, me formei aos 26, terminamos aos 26. Ela esperou eu me formar, juntar dinheiro, comprar nossa casa e mobilia-la inteira, comprar um carro, trabalhar feito camelo para dizer: Acabou. Ou melhor: A-C-A-B-O-U!

. Eu não era de rir, e foi a primera melhor risada da minha vida!

. Ela terminou comigo dentro de um motel. Foi embora com o meu carro. Me deixou à pé, sem carteira e dentro de um motel. Eu comecei a rir.

. Pulei o muro do motel, afinal não sei como ela saiu e pagou a conta, deve ter dito que eu pagaria. Não paguei.

. Passei a noite toda dando risada da minha situação. No outro dia fui à casa dela.

. Peguei o meu carro, dei uma risada, falei tanta bobeira que nem me lembro mais. Só sei que ela riu. Era o que eu queria ver.

. Eu não era de rir. Mas ria muito, ria mais que o pica-pau naquele atormentante final do desenho em que ele ensurdece qualquer um com um "ârrâ râââ rââ" aterrorizante!

. Bati o carro. Por querer, afinal sem a Fátima, por mais feliz que eu estivesse, não dava. Eu sempre fui bonito, mas sem atitude! Iria morrer sozinho.

. Eu não sabia fazer nada direito, além de estudar, trabalhar e namorar a Fátima. A minha idiotice era tamanha que nem me matar eu conseguia. Pulei da ponte com o carro. Não era ponte, era um viaduto. E na parte direita do viaduto, a qual eu cai, estava armada uma tenda de circo. Que morte legal. Rindo em cima de um circo.

. Por mais engraçado e mentiroso que pareça, eu caí em cima da lona, esta cedeu, eu não morri. Perdi o carro, mas não morri. O seguro pagou outro carro depois.

***

. Acordei no hospital. Todo mundo feliz ao me ver: meus pais, irmãos e a Fátima. Inclusive a Fátima. Ela e o Edmundo... Edmundo?

. Ah sim, o novo namorado dela, que ela conheceu depois de eu estar em coma durante 1 mês. Ela levou para me apresentar. Simpática ela, não?

. Falando em coma, os médicos até hoje estudam o meu caso. Não tive trauma nenhum, não tive nenhum arranhão. A única anomalia que possuía em meu corpo era uns cortes na boca, mas pelo que pesquisei no Google é gerado com excesso de riso. Acho que foi o motivo de meu cérebro ter pifado. Já me falaram que é a mesma sensação de fumar maconha. Mas nunca experimentei.

. Tive alta na mesma semana, a enfermeira me adorou. Era uma linda moça, mas eu era idiota. Não dei bola, como sempre.

***

. Na outra semana, resolvi me drogar. Me lembrava daquela história chata do "Mamute pequenino, queria se drogar...", e tentei. Se o Mamute teve overdose, eu poderia ter.

. Comprei uns 2 litros de dormífero para elefantes (ou mamutes), porque sempre fui contra o uso de cocaína, LSD ou drogas do tipo, essas daí matam de um jeito socialmente ruim.

. Acreditem ou não, minha incapacidade de se matar foi tamanha, mas tamanha, que na hora que tomei essa cacetada de remédios, meus pais chegaram, ou eu achei que eles chegaram na hora. Na verdade, demorei muito para morrer! Eu estava verde, poderia ser inclusive um personagem de Animè.

. Eles chegaram, me viram verde, acharam que era uma alerga, e me levaram para o hospital. Estava verde, sem ar, porque engasguei com a droga da tampa do remédio, e ele caiu todo no chão, nenhuma gota passou pela minha garganta.

. Ok, quase morri por sufocamento, mas demorou muito, coisas do sobrenome.

. Dizem que Leão é o Rei da Selva. Eu não era, mas meu corpo parecia. Desgraçada falta de fumo que fez meu pulmão aguentar quase 20 minutos sem ar! O dormífero me mataria na hora.

. Sou um idiota. Mas descobri que devo ser a única pessoa no mundo que ao invés de ficar roxo pela falta de ar, ficava verde. Ri disso também.

***

. Cronometradamente uma semana depois, a terceira tentativa de suicídio. Dessa vez iria dar certo, tinha que dar certo!

. Contratei disfarçadamente alguém para me matar. Pagaria bem, era só um tiro na testa. Me entitulei de "Valcicley", coloquei um sotaque nordestino por cima do meu paulistano e dei todas as pistas de onde estaria o desgraçado do Donatto! Falei com tanta raiva deste tal Donatto ao bandido, o Cuspinha, que ele nem queria mais me cobrar pelo serviço! Virou meu "brother"!

. Às 23h em um beco na periferia. Só estaria lá o Donatto.

. Cheguei lá, fiquei esperando o desgraçado do Cuspinha me matar. O rapaz chegou, me encarou, percebeu dentre toda sua incapacidade de detectar descrições que eu era eu mesmo e perguntou:

. - Por acaso "cê" é o Donaldo? - disse o mongol.

. - Sou eu mesmo. Que foi?

. - Ah tá. vim matar você, mas se me pagar melhor, eu te conto quem foi que ordenou e mato ele pra você!

. - Mas você não ía me matar de graça? - eu, mais mongol que o Cuspinha, me entreguei.

. - Como você sabe? Você é banzé, seu desgraçado?

. E o infeliz do Cuspinha foi embora correndo, achando que eu era PM. Não deu tempo de dizer a ele que eu era engenheiro...

***

. Resolvi parar de tentar me matar. Acho que não era para acontecer, eu não tinha capacidade para fazer isso. Continuei rindo.

. Eu nunca ri tanto em minha vida. Aliás, até antes de terminar com a Fátima, raras as vezes me viram rindo. Eu tinha vergonha, de ser feliz, eu não tinha por que rir.

. Minha infância não foi boa, minha adolescência não foi a melhor e meu namoro foi uma merda. Começaria a viver agora. Mas claro, quero contar como foi infeliz a minha vida até os 26...

TO BE CONTINUED...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Marcas do Tempo!

Mais uma dos "tempos nostálgicos". Estava procurando um outro texto, achei esse poeminha. Daqui a uns 2 ou 3 dias eu posto outra coisa.
Para comemorar, talvez, o meu aniversário!

Ando movimentando o blog, talvez voltou a criatividade, ou essa "nostalgia" por dilvulgar o que eu sempre escrevi, e nunca mostrei.


Abraços apertados e amarelos!



Marcas do Tempo

O pecado de não fazer algo
Mesmo que pareça impossível
Continua sendo pecado
E o inimigo então é invisível

O tempo, senhor de tudo
Aquele que rege o mundo
É imparcial, voraz
Ele espera que nós façamos a paz

Ódio, amor, quanta distinção!
Mas, mesmo assim, andam juntos
Separados por um campo magnético
Nosso pensamento ético

Belos tempos em que estamos
Que o dinheiro parece bom, mas causa dor
Mas fico feliz, pois sei que existem
Aqueles que ainda crêem no amor

E este mesmo amor
Que marcas no tempo irá deixar?
Disso não sabemos, eterna questão
Queria que essas marcas ficassem em meu coração

domingo, 31 de maio de 2009

Pesadelo


Vou dar um stop nas histórias, por causa de um filme que eu vi, e dar aqui uma opinião sobre um assunto que assombrou e assombra a todos nós até hoje: preconceito racial.

O filme, Quase deuses, me fez voltar a pensar sobre esse assunto.

Este filme fala sobre um jovem negro com facilidade imensa em medicina que começa a trabalhar de auxiliar a um médico obcecado em salvar vidas, fazendo pesquisas em cachorros.
Durante todo o filme, este médico se torna totalmente dependente do jovem negro, e trabalha durante 30 anos com ele, levando todos os méritos de suas conquistas (culpa dele e de toda a sociedade racista).

Não vou contar detalhes sobre o filme, mas recomendo para quem não viu: é bom demais, mas claro, nos choca ver todo o preconceito explícito da época e tem horas que nos dá ódio perceber a mediocridade do ser humano.

Agora repensando sobre nós. O filme, claro, é da pior época negra da história dos EUA: início do século XX, onde negros tinham lugares próprios para tudo, inclusive em parques públicos (não que ainda não tenham!).

Mas hoje, não tem tanta diferença assim. A sociedade é racista, por mais que esforcemos para que não seja!

Um dia desses estava conversando com algumas pessoas, questionando sobre qual seria a minha cara se eu me casasse com uma mulher negra e meu filho fosse negro. Com certeza minha resposta foi clara: nenhum problema!

Porém se formos realmente pensar mais a fundo, por maior amor que tivesse pelo meu filho, e a sociedade?
"Seu pai é branquelo e você é negrinho!" ou "Você é pai dele mesmo?"

Coisas do tipo que nos fariam pensar se realmente esse racismo todo não seria contagioso... e infelizmente é. Porque além do meu fictício filho e da minha esposa, eu também sofreria um preconceito imenso! Parece doença contagiosa, idiotice!

Pura bobagem!
Pura bobagem mesmo!

Ninguém pára para pensar que independente da cor de pele que tivermos, o SANGUE QUE CORRE POR TODOS NÓS TEM A MESMA COR: VERMELHO!

TODOS NÓS (TIRANDO DEFICIÊNCIAS NATURAIS E ACIDENTES ARTIFICIAIS) TEMOS 2 PÉS E 2 MÃOS, 5 DEDOS EM CADA.
TEMOS 1 CORAÇÃO, INDEPENDENTE DO TAMANHO;
TEMOS 2 PULMÕES;
TEMOS A MESMA FUNCIONALIDADE, E NÃO AS MESMAS OPORTUNIDADES!

É frustrante e angustiante ver este mundo, com tanto avanço tecnológico, ainda existir gente que acha estranho uma branca ser empregada doméstica de um casal negro.

O Brasil pelo menos elegeu um rei negro fora da África (claro pelo futebol). Se não fosse o talento brilhante dele... já sabem! (Naquele tempo usavam talco nos negros para "michaeljacksonarem" eles).
Os EUA elegeram um negro "muçulmano", e antes fizeram filmes e filmes com presidentes negros. Mas isso, no segundo caso, se deve, com certeza ao arrependimento. E lá ainda a coisa é feia.

Para concluir, o que mais me deixa (e acho que deixa várias pessoas assim) triste, é saber que por mais que lutemos, nossa educação foi dada para que tenhamos, mesmo que inconscientemente, preconceitos, racismos. Um exemplo?

A coisa está feia = A coisa está "preta"

Simples? Para reflexão.

Meus filhos terão uma educação 100% para que não tenham preconceito, com os outros, e principalmente com eles próprios. É algo que vem de dentro.

Albert Einstein, o MAIOR cientista de todos os tempos, tanto no coração quanto na sua infinita inteligência, disse em época de guerra, na qual ele era da parte "racisticamente" favorável, alemão, uma frase que até hoje é dita em grandes discursos, e que realmente é genial como o criador:

"Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito."

Fecho por aqui...
Ah, o filme, não é top 10 dos lançamentos, mas não é antigo também. Quem quiser, qualquer locadora boa tem!

Abração, volto com as histórias depois!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Argami Yuni


Meia noite, dirigindo o meu carro, um som baixo no alto-falante, numa rádio daquelas que nesse horário toca apenas "momentos remember".

Estava com uma sensação estranha, um medo grande se apoderou de meu corpo...

Olhei no banco de trás, apenas minha mochila. Nada mais, ou melhor, nada demais.
Olhei para os lados, ruas desertas. Uma ou outra pessoa caminhando e um ou outro carro passando.

Passei por uma ladeira. Do lado direito, um mato alto pairava acima da calçada.
A teimosia e esse calafrio eram demais! Fui bem devagar com o carro, o ponteiro do velocímetro em quase zero km/h.

De repente, lá ao fundo, olhos bem vermelhos e brilhantes me filmavam. Minhas mãos não funcionavam, meu pé não acelerava o carro, e aqueles olhos me fitaram por alguns instantes, até que entrei em mim novamente, e consegui sair cantando pneus.

Mais a frente, mesmo com toda aquela minha afobação de chegar logo em casa, um susto: sinal vermelho no cruzamento, e as luzes do farol refletiam nos espelhos de um edifício do lado direito, dando aquela tenebrosa sensação de que aqueles olhos vermelhos ainda me perseguiam.

O sinal verde mal piscou, lá estava eu a quase 100 na avenida, sem prestar atenção dos lados e ver aquele maldito olhar me perseguindo.

Meia noite e quinze, cheguei em casa. Parei o carro, mal o desliguei já abri o portão, abri a porta da sala e fui acender a luz.

"Droga!"

A luz da sala estava queimada, fazia uns 2 ou 3 dias, e tinha me esquecido de comprar outra.
Para o meu desespero, lá estavam os olhos vermelhos, num reflexo da luzinha do aparelho de televisão.

A luz iluminava toda a sala, com uma força tão grande que não precisaria nem comprar mais lâmpada, se não fosse todo o meu pavor!

Naquele dia, a luz não estava como sempre, fraca, apenas um pontinho na imensa escuridão da sala. O brilho intenso era de arrepiar, e o clima sombrio daquela noite não me deixou outra escolha, senão gritar!

Estava sozinho em casa. Resolvi sair para a rua. Me sentia mais seguro lá!

No momento em que vasculhava as chaves no meu bolso para abrir a porta, a luz vermelha se foi, como se tivessem retirado meu aparelho de TV da tomada. Tinha alguém em casa comigo...

Fiquei estático. Tentei reagir, mas não consegui.

Fui para a cozinha, a luz finalmente acendeu, e com ela todo meu desespero se foi.
Passei a noite na cozinha, acordado, tentando ligar para alguém. Sem sinal.
O relógio de parede estava parado, e meu celular sem bateria.

Não adiantava surtar, pegar uma faca e esperar por alguém aparecer. Isso não era humano, não tinha corpo! E se fosse humano, com certeza era um ótimo ilusionista!

As horas não passavam.
Meu pavor não passava.
Aquele olhar vermelho não saía de minha mente.

Adormeci.
Não tive sonho algum, e nunca mais fui amedrontado por esses olhos depois deste dia.

Não sei se era um sinal, uma paranóia minha, ou um pesadelo acordado.

Mas foi de verdade. Senti aquela presença estranha, e pedi para que ela nunca mais aparecesse na minha vida.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A Cama da Fama

Pessoal, está aí!
Conforme o prometido, mais uma história daquele "livro" que eu fiz mas não mostrei... essa é longa, e não deu pra resumir! Abraços!!!

"- Obrigado! Obrigado! Boa noite, bom apetite a todos!

E o músico se levanta de mais uma jornada naquele pub. Ele adorava tocar naquele lugar, o dono era um adorável coroa e pagava muito bem!
Claro, o muito bem para os dias de hoje, pois para quem já foi um dia um famoso líder de banda, R$ 2.000,00 pela noite tocada, das 23h às 2h da madrugada, enfim, era realmente pouco para uma realidade anterior, mas para os dias atuais, digamos, para os 10 anos atuais, esse valor era muito bom! Aliás, o melhor pago para músicos como ele, tocando sempre em versões acústicas, com um violão, uma caixa de som e nada mais, de vez em quando um convidado, mas de vez em quando mesmo!

Este músico, bem, prefiro chamá-lo de J.G., as iniciais de seu nome, em respeito ao grande astro que ele já foi um dia. Um exímio baixista e uma voz que emociona junto aos agudos das guitarras, fazia dele um monstro do rock. Líder da extinta banda T.N. (aqui também deixarei somente as iniciais da banda), há 10 anos entrou em esquecimento.

Há mais ou menos 20 anos atrás, cinco garotos de 18 a 22 anos começaram a tocar rock no cenário underground, no interior de São Paulo. No começo, tocavam covers básicos de bandas iniciantes: Raul Seixas, Rolling Stones, The Beatles, Barão Vermelho, Ultrage a Rigor, Paralamas do Sucesso entre outras bandas “clássicas” do cenário nacional e mundial.
Devido a qualidade em que eles interpretavam estas bandas, os pequenos shows underground deram espaço a pequenas apresentações em festas das cidades vizinhas, até que resolveram fechar contrato com um empresário, o J.B.X., funcionário de uma grande gravadora, que estava à procura de alguma banda dos anos 90 que reerguesse o grande cenário Rock das épocas de “Não à Ditadura”, “Tropicália” e “Diretas Já”, cenários que motivaram os músicos a desenvolver mais ainda a arte de escrever.

J.G., além de excelente músico, era também um compositor de primeira! Tudo que a Gravadora precisava!

Então os 5 moleques, sem pretensão nenhuma, iniciaram uma carreira meteórica: Faustão, Gugu, Jô Soares 11 e Meia, Planeta Xuxa, EUA, Europa, Japão (fanáticos por Rock’n’roll), e assim seguiram durante sua trajetória breve, 8 anos de carreira e como surgiu, acabou. Mas não acabou do nada, não!

No segundo ano da banda, por problemas de drogas e álcool, o guitarrista-base da banda se afasta por 3 meses, na turnê do segundo CD, que teve um recorde de vendas, prêmios na Europa e quase 40 shows por mês. Contrataram um guitarrista da Gravadora, para acompanhar a banda nos shows. Três meses depois, o guitarrista, B.M., retorna à banda, alegando para a imprensa que estava com “Problemas de saúde”.

J.G., como sempre, grande líder da banda, amenizava a situação, ou melhor, as situações que aconteciam.
Festas regadas a whisky 12 anos, bala, doce, pó e erva. No final da noite, polícia, advogados, pais chorando, namoradas desesperadas, e sempre JG para amenizar. Não que ele não fizesse parte da baderna, mas era sempre o que explicava.

O tempo foi passando, a banda fez vários tours pelo exterior, shows todos os dias pelo país, gravação de Acústico com a Mtv, mas aqueles garotos que quando começaram a fazer sucesso eram ingênuos, se tornaram gananciosos, drogados, e o sucesso corrompeu quase tudo que tinha de bom neles. J.G. menos, ele ainda tinha que sempre dar o parecer, e falar que “nada era como aparentava ser”.


No quarto ano da banda, uma pequena discussão, envolvendo os outros quatro músicos, que alegavam que J.G. era muito egoísta, e que só ele queria escrever. Acharam que ele estava ganhando mais do que o resto, e que ele poderia se tornar algo que foi o Cazuza: O Barão Vermelho não era Barão Vermelho, era Cazuza e Barão Vermelho. E por mais que J.G. dissesse que não, eles quiseram acabar com a banda, até que aquele famoso "Cala a boca" do empresário melhorou. Como assim cala a boca? Um aumento salarial, ou para aquelas "crianças crescidas", mais bebida nos camarins, mulheres no final dos shows e coisa do tipo.
Gente de cabeça pequena se contenta com coisas pequenas.

No final dessa longa história, cheia de altos e baixos, eles sobreviveram oito anos, até o anúncio do fim, com aquela desculpa básica das bandas: desencontro de idéias, de estilos e saudades da família.

Dos cinco músicos, cada um teve um destino:
O baterista, O.S., virou ator pornô. Sim, isso está na moda e dá dinheiro, para quem não liga em se expor (ao ridículo), mas como tem muita gente que gosta, fala que é arte... Não deixa de ser! Mas entenda o ridículo sendo a pessoa, que já fez fama, utilizar essa "arte" como último recurso "fácil e rentável". Apareceu depois umas quatro vezes no Superpop.
O guitarrista-base, de tanto se drogar ficou louco, meteu logo "um três-oitão" no meio da testa, e suas últimas palavras foram "Liga não que tá sem bala".
O guitarrista-solo, conseguiu contrato com uma gravadora e hoje é músico de uma banda de forró maranhense. Não é a praia dele, mas ganha bem para se vestir estilo "lambada" e tocar "dois pra lá e dois pra cá". E o cabelinho comprido continua, mas agora ele faz chapinha!
O tecladista assumiu a homosexualidade, apareceu em alguns programas no Superpop, depois sumiu, mas pelo menos antes de sumir disse que "Valeu a pena ser do T.N., e se arrepende das bobeiras que fez, daria tudo para voltar atrás, pedir perdão ao J.G. e os outros e aquele blá blá blá".

E o J.G.?

De todos é o mais feliz, ou o único que é feliz.
Ganha pouco mas ganha.
Não se sentiu humilhado pela nova vida, deu valor à mulher que não o abandonou, quando até mesmo a família não queria mais vê-lo, por tudo que ele tinha se tornado; bebidas, mulheres, drogas, rebeldia...
Ainda compõe, escreve algumas tiras para os jornais da região onde mora.
Foi convidado a fazer tudo que os outros quatro fizeram, inclusive meter uma bala na testa e virar gay, mas não quis.

A sua vida, não era ser famoso, era tocar. É tocar!

Feliz de quem o vê em algum barzinho tocando. Se der sorte de encontrá-lo, ao invés de ficar de fofoca na mesa, pare e ouça o que ele tem para cantar! E aplauda muito no final"

terça-feira, 19 de maio de 2009

A Promessa...a jura, a promessa que jura!

Prometo!

Eu juro!

Eu juro que prometo!

Eu prometo que juro!

Eu juro que prometo, ou prometo que juro, que amanhã sem falta eu publico o texto que prometi para algumas pessoas!
Que inutilidade né? O pior é ter ele pronto, salvo, porém não estar no computador o qual utilizo para desculpar-me...

Foi mal;
Mas foi bem;
Foi mal mas bem, então foi mais ou menos, afinal, eu prometo, amanhã vai ter postagem nova!

Vida longa à incerteza!
BELEEEEEEEEEZA!