domingo, 31 de maio de 2009

Pesadelo


Vou dar um stop nas histórias, por causa de um filme que eu vi, e dar aqui uma opinião sobre um assunto que assombrou e assombra a todos nós até hoje: preconceito racial.

O filme, Quase deuses, me fez voltar a pensar sobre esse assunto.

Este filme fala sobre um jovem negro com facilidade imensa em medicina que começa a trabalhar de auxiliar a um médico obcecado em salvar vidas, fazendo pesquisas em cachorros.
Durante todo o filme, este médico se torna totalmente dependente do jovem negro, e trabalha durante 30 anos com ele, levando todos os méritos de suas conquistas (culpa dele e de toda a sociedade racista).

Não vou contar detalhes sobre o filme, mas recomendo para quem não viu: é bom demais, mas claro, nos choca ver todo o preconceito explícito da época e tem horas que nos dá ódio perceber a mediocridade do ser humano.

Agora repensando sobre nós. O filme, claro, é da pior época negra da história dos EUA: início do século XX, onde negros tinham lugares próprios para tudo, inclusive em parques públicos (não que ainda não tenham!).

Mas hoje, não tem tanta diferença assim. A sociedade é racista, por mais que esforcemos para que não seja!

Um dia desses estava conversando com algumas pessoas, questionando sobre qual seria a minha cara se eu me casasse com uma mulher negra e meu filho fosse negro. Com certeza minha resposta foi clara: nenhum problema!

Porém se formos realmente pensar mais a fundo, por maior amor que tivesse pelo meu filho, e a sociedade?
"Seu pai é branquelo e você é negrinho!" ou "Você é pai dele mesmo?"

Coisas do tipo que nos fariam pensar se realmente esse racismo todo não seria contagioso... e infelizmente é. Porque além do meu fictício filho e da minha esposa, eu também sofreria um preconceito imenso! Parece doença contagiosa, idiotice!

Pura bobagem!
Pura bobagem mesmo!

Ninguém pára para pensar que independente da cor de pele que tivermos, o SANGUE QUE CORRE POR TODOS NÓS TEM A MESMA COR: VERMELHO!

TODOS NÓS (TIRANDO DEFICIÊNCIAS NATURAIS E ACIDENTES ARTIFICIAIS) TEMOS 2 PÉS E 2 MÃOS, 5 DEDOS EM CADA.
TEMOS 1 CORAÇÃO, INDEPENDENTE DO TAMANHO;
TEMOS 2 PULMÕES;
TEMOS A MESMA FUNCIONALIDADE, E NÃO AS MESMAS OPORTUNIDADES!

É frustrante e angustiante ver este mundo, com tanto avanço tecnológico, ainda existir gente que acha estranho uma branca ser empregada doméstica de um casal negro.

O Brasil pelo menos elegeu um rei negro fora da África (claro pelo futebol). Se não fosse o talento brilhante dele... já sabem! (Naquele tempo usavam talco nos negros para "michaeljacksonarem" eles).
Os EUA elegeram um negro "muçulmano", e antes fizeram filmes e filmes com presidentes negros. Mas isso, no segundo caso, se deve, com certeza ao arrependimento. E lá ainda a coisa é feia.

Para concluir, o que mais me deixa (e acho que deixa várias pessoas assim) triste, é saber que por mais que lutemos, nossa educação foi dada para que tenhamos, mesmo que inconscientemente, preconceitos, racismos. Um exemplo?

A coisa está feia = A coisa está "preta"

Simples? Para reflexão.

Meus filhos terão uma educação 100% para que não tenham preconceito, com os outros, e principalmente com eles próprios. É algo que vem de dentro.

Albert Einstein, o MAIOR cientista de todos os tempos, tanto no coração quanto na sua infinita inteligência, disse em época de guerra, na qual ele era da parte "racisticamente" favorável, alemão, uma frase que até hoje é dita em grandes discursos, e que realmente é genial como o criador:

"Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito."

Fecho por aqui...
Ah, o filme, não é top 10 dos lançamentos, mas não é antigo também. Quem quiser, qualquer locadora boa tem!

Abração, volto com as histórias depois!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Argami Yuni


Meia noite, dirigindo o meu carro, um som baixo no alto-falante, numa rádio daquelas que nesse horário toca apenas "momentos remember".

Estava com uma sensação estranha, um medo grande se apoderou de meu corpo...

Olhei no banco de trás, apenas minha mochila. Nada mais, ou melhor, nada demais.
Olhei para os lados, ruas desertas. Uma ou outra pessoa caminhando e um ou outro carro passando.

Passei por uma ladeira. Do lado direito, um mato alto pairava acima da calçada.
A teimosia e esse calafrio eram demais! Fui bem devagar com o carro, o ponteiro do velocímetro em quase zero km/h.

De repente, lá ao fundo, olhos bem vermelhos e brilhantes me filmavam. Minhas mãos não funcionavam, meu pé não acelerava o carro, e aqueles olhos me fitaram por alguns instantes, até que entrei em mim novamente, e consegui sair cantando pneus.

Mais a frente, mesmo com toda aquela minha afobação de chegar logo em casa, um susto: sinal vermelho no cruzamento, e as luzes do farol refletiam nos espelhos de um edifício do lado direito, dando aquela tenebrosa sensação de que aqueles olhos vermelhos ainda me perseguiam.

O sinal verde mal piscou, lá estava eu a quase 100 na avenida, sem prestar atenção dos lados e ver aquele maldito olhar me perseguindo.

Meia noite e quinze, cheguei em casa. Parei o carro, mal o desliguei já abri o portão, abri a porta da sala e fui acender a luz.

"Droga!"

A luz da sala estava queimada, fazia uns 2 ou 3 dias, e tinha me esquecido de comprar outra.
Para o meu desespero, lá estavam os olhos vermelhos, num reflexo da luzinha do aparelho de televisão.

A luz iluminava toda a sala, com uma força tão grande que não precisaria nem comprar mais lâmpada, se não fosse todo o meu pavor!

Naquele dia, a luz não estava como sempre, fraca, apenas um pontinho na imensa escuridão da sala. O brilho intenso era de arrepiar, e o clima sombrio daquela noite não me deixou outra escolha, senão gritar!

Estava sozinho em casa. Resolvi sair para a rua. Me sentia mais seguro lá!

No momento em que vasculhava as chaves no meu bolso para abrir a porta, a luz vermelha se foi, como se tivessem retirado meu aparelho de TV da tomada. Tinha alguém em casa comigo...

Fiquei estático. Tentei reagir, mas não consegui.

Fui para a cozinha, a luz finalmente acendeu, e com ela todo meu desespero se foi.
Passei a noite na cozinha, acordado, tentando ligar para alguém. Sem sinal.
O relógio de parede estava parado, e meu celular sem bateria.

Não adiantava surtar, pegar uma faca e esperar por alguém aparecer. Isso não era humano, não tinha corpo! E se fosse humano, com certeza era um ótimo ilusionista!

As horas não passavam.
Meu pavor não passava.
Aquele olhar vermelho não saía de minha mente.

Adormeci.
Não tive sonho algum, e nunca mais fui amedrontado por esses olhos depois deste dia.

Não sei se era um sinal, uma paranóia minha, ou um pesadelo acordado.

Mas foi de verdade. Senti aquela presença estranha, e pedi para que ela nunca mais aparecesse na minha vida.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A Cama da Fama

Pessoal, está aí!
Conforme o prometido, mais uma história daquele "livro" que eu fiz mas não mostrei... essa é longa, e não deu pra resumir! Abraços!!!

"- Obrigado! Obrigado! Boa noite, bom apetite a todos!

E o músico se levanta de mais uma jornada naquele pub. Ele adorava tocar naquele lugar, o dono era um adorável coroa e pagava muito bem!
Claro, o muito bem para os dias de hoje, pois para quem já foi um dia um famoso líder de banda, R$ 2.000,00 pela noite tocada, das 23h às 2h da madrugada, enfim, era realmente pouco para uma realidade anterior, mas para os dias atuais, digamos, para os 10 anos atuais, esse valor era muito bom! Aliás, o melhor pago para músicos como ele, tocando sempre em versões acústicas, com um violão, uma caixa de som e nada mais, de vez em quando um convidado, mas de vez em quando mesmo!

Este músico, bem, prefiro chamá-lo de J.G., as iniciais de seu nome, em respeito ao grande astro que ele já foi um dia. Um exímio baixista e uma voz que emociona junto aos agudos das guitarras, fazia dele um monstro do rock. Líder da extinta banda T.N. (aqui também deixarei somente as iniciais da banda), há 10 anos entrou em esquecimento.

Há mais ou menos 20 anos atrás, cinco garotos de 18 a 22 anos começaram a tocar rock no cenário underground, no interior de São Paulo. No começo, tocavam covers básicos de bandas iniciantes: Raul Seixas, Rolling Stones, The Beatles, Barão Vermelho, Ultrage a Rigor, Paralamas do Sucesso entre outras bandas “clássicas” do cenário nacional e mundial.
Devido a qualidade em que eles interpretavam estas bandas, os pequenos shows underground deram espaço a pequenas apresentações em festas das cidades vizinhas, até que resolveram fechar contrato com um empresário, o J.B.X., funcionário de uma grande gravadora, que estava à procura de alguma banda dos anos 90 que reerguesse o grande cenário Rock das épocas de “Não à Ditadura”, “Tropicália” e “Diretas Já”, cenários que motivaram os músicos a desenvolver mais ainda a arte de escrever.

J.G., além de excelente músico, era também um compositor de primeira! Tudo que a Gravadora precisava!

Então os 5 moleques, sem pretensão nenhuma, iniciaram uma carreira meteórica: Faustão, Gugu, Jô Soares 11 e Meia, Planeta Xuxa, EUA, Europa, Japão (fanáticos por Rock’n’roll), e assim seguiram durante sua trajetória breve, 8 anos de carreira e como surgiu, acabou. Mas não acabou do nada, não!

No segundo ano da banda, por problemas de drogas e álcool, o guitarrista-base da banda se afasta por 3 meses, na turnê do segundo CD, que teve um recorde de vendas, prêmios na Europa e quase 40 shows por mês. Contrataram um guitarrista da Gravadora, para acompanhar a banda nos shows. Três meses depois, o guitarrista, B.M., retorna à banda, alegando para a imprensa que estava com “Problemas de saúde”.

J.G., como sempre, grande líder da banda, amenizava a situação, ou melhor, as situações que aconteciam.
Festas regadas a whisky 12 anos, bala, doce, pó e erva. No final da noite, polícia, advogados, pais chorando, namoradas desesperadas, e sempre JG para amenizar. Não que ele não fizesse parte da baderna, mas era sempre o que explicava.

O tempo foi passando, a banda fez vários tours pelo exterior, shows todos os dias pelo país, gravação de Acústico com a Mtv, mas aqueles garotos que quando começaram a fazer sucesso eram ingênuos, se tornaram gananciosos, drogados, e o sucesso corrompeu quase tudo que tinha de bom neles. J.G. menos, ele ainda tinha que sempre dar o parecer, e falar que “nada era como aparentava ser”.


No quarto ano da banda, uma pequena discussão, envolvendo os outros quatro músicos, que alegavam que J.G. era muito egoísta, e que só ele queria escrever. Acharam que ele estava ganhando mais do que o resto, e que ele poderia se tornar algo que foi o Cazuza: O Barão Vermelho não era Barão Vermelho, era Cazuza e Barão Vermelho. E por mais que J.G. dissesse que não, eles quiseram acabar com a banda, até que aquele famoso "Cala a boca" do empresário melhorou. Como assim cala a boca? Um aumento salarial, ou para aquelas "crianças crescidas", mais bebida nos camarins, mulheres no final dos shows e coisa do tipo.
Gente de cabeça pequena se contenta com coisas pequenas.

No final dessa longa história, cheia de altos e baixos, eles sobreviveram oito anos, até o anúncio do fim, com aquela desculpa básica das bandas: desencontro de idéias, de estilos e saudades da família.

Dos cinco músicos, cada um teve um destino:
O baterista, O.S., virou ator pornô. Sim, isso está na moda e dá dinheiro, para quem não liga em se expor (ao ridículo), mas como tem muita gente que gosta, fala que é arte... Não deixa de ser! Mas entenda o ridículo sendo a pessoa, que já fez fama, utilizar essa "arte" como último recurso "fácil e rentável". Apareceu depois umas quatro vezes no Superpop.
O guitarrista-base, de tanto se drogar ficou louco, meteu logo "um três-oitão" no meio da testa, e suas últimas palavras foram "Liga não que tá sem bala".
O guitarrista-solo, conseguiu contrato com uma gravadora e hoje é músico de uma banda de forró maranhense. Não é a praia dele, mas ganha bem para se vestir estilo "lambada" e tocar "dois pra lá e dois pra cá". E o cabelinho comprido continua, mas agora ele faz chapinha!
O tecladista assumiu a homosexualidade, apareceu em alguns programas no Superpop, depois sumiu, mas pelo menos antes de sumir disse que "Valeu a pena ser do T.N., e se arrepende das bobeiras que fez, daria tudo para voltar atrás, pedir perdão ao J.G. e os outros e aquele blá blá blá".

E o J.G.?

De todos é o mais feliz, ou o único que é feliz.
Ganha pouco mas ganha.
Não se sentiu humilhado pela nova vida, deu valor à mulher que não o abandonou, quando até mesmo a família não queria mais vê-lo, por tudo que ele tinha se tornado; bebidas, mulheres, drogas, rebeldia...
Ainda compõe, escreve algumas tiras para os jornais da região onde mora.
Foi convidado a fazer tudo que os outros quatro fizeram, inclusive meter uma bala na testa e virar gay, mas não quis.

A sua vida, não era ser famoso, era tocar. É tocar!

Feliz de quem o vê em algum barzinho tocando. Se der sorte de encontrá-lo, ao invés de ficar de fofoca na mesa, pare e ouça o que ele tem para cantar! E aplauda muito no final"

terça-feira, 19 de maio de 2009

A Promessa...a jura, a promessa que jura!

Prometo!

Eu juro!

Eu juro que prometo!

Eu prometo que juro!

Eu juro que prometo, ou prometo que juro, que amanhã sem falta eu publico o texto que prometi para algumas pessoas!
Que inutilidade né? O pior é ter ele pronto, salvo, porém não estar no computador o qual utilizo para desculpar-me...

Foi mal;
Mas foi bem;
Foi mal mas bem, então foi mais ou menos, afinal, eu prometo, amanhã vai ter postagem nova!

Vida longa à incerteza!
BELEEEEEEEEEZA!

terça-feira, 5 de maio de 2009

Passeio na noite de luar


Seguindo a mesma idéia da última postagem, mais uma história dos contos que criei há um tempo atrás... espero que gostem!




"Houve um tempo em que eu não dormia. Passava horas e horas à procura do que fazer ao longo da negra madrugada. Certa vez, numa noite de inverno, saí para dar uma caminhada pelo bairro. Não tinha perigo, meu bairro sempre foi tranqüilo...
Neste dia, a lua cheia iluminava tanto a rua que creio eu era dispensável o uso de postes de luz, tão intenso era o seu brilho junto com as estrelas.

Caminhei até o final da rua e virei à direita: uma ladeira que dava as caras em uma colina. Era um beco sem saída.
Andei até o final da ladeira ver se conseguia algum sucesso subindo um pouco a colina e tentar, lá de cima, ver as luzes da minha bela cidade.
Subindo a rua, pressenti algo estranho, algo que estava para acontecer. Olhei para trás e ninguém me perseguia.
Acendi um cigarro e olhei no relógio: 22h50min. Era cedo ainda. Fui até o final da rua, quando ouvi algo, vindo da minha rua, uma agitação estranha. Voltei o mais rápido que pude. Nada. A rua continuava iluminada e calma, como de costume no inverno.
Resolvi entrar em casa, aquela noite me deixou inquieto, estava com uma aura estranha que planava no ar e entrava em minhas narinas. Pensei até no absurdo e toda mitologia que a lua cheia nos trás: Lobisomem, Vampiros, idéias que estavam vagas na minha fantasiosa cabeça...
Ao abrir a porta, reparei que a luz estava apagada. Esse fato me deixou bastante cabreiro. Desde que me conheço por gente, sempre que saio de casa deixo pelo menos uma luz acesa. Mania cultivada para evitar a aparição de gatunos, que ao ver uma luz, são repelidos como um animal silvestre foge da fogueira em um acampamento. Morava com meu irmão, e minha namorada tinha a chave de casa, porém ambos tinham saído antes de mim, e esse passeio que dei não deixou tempo para que eles retornassem.
Ouvi alguns ruídos, pareciam sussurros. Esses ruídos foram entrando em meus ouvidos, e meu coração começou a disparar. Não sabia se saía de casa e chamava a polícia ou encarava esta suspeita e ligava a luz. Resolvi ligar a luz, melhor defrontar os medos do que deixá-los passar!
Acendi a luz e: “Surpresa!”
Lembrei o que tanto me inquietava no dia: era meu aniversário e a rotina sequer me deixou lembrar! Alguns amigos, meu irmão e a minha namorada me lembraram com louvor.
No final das contas, nunca mais deixei de dormir. Afinal, dormir te faz mudar de dia, renovar os ânimos, seguir a vida e comemorar aniversários..."