segunda-feira, 22 de junho de 2009

A Biocomplexografia de Donatto Leão - Parte 3

Continuando...
Obrigado a quem lê e a quem lê e comenta.
Uma boa semana a todos.
Abraços BEEEM AMARELOS!!!
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Capítulo 3 – Fátima

. Me apaixonei por ela, e, sem compreender, ao lado dela eu perdia completamente a timidez. Me lembrei de como era com meu finado amigo Luciano. Conseguia falar duas ou três palavras e conjugava corretamente o verbo quando falava com ela. Bom sinal.
. Não esqueci da amizade que tinha pelo Luciano, mas conhecer a Fátima me fez ter uma visão turva de passado com meu grande amigo.
. Numa tarde de quinta-feira, quando estudava Química Orgânica na Sala 103 do Colégio Gustavo Hertz, onde fiz o pré-vestibular em São Paulo, Fátima entrou na sala, com o intuito de estudar comigo, ou outra intenção. Na verdade não sei dizer ao certo até hoje, e nem me interessa mais também, claro.
. O que sempre desconfiei é que ela tinha dó de mim mesmo, porque dos 80 alunos que minha sala tinha, 79 conversavam entre si, e eu comigo mesmo. Comigo e com meu Game Boy Advance ®.
. - Posso estudar com você? – Disse ela, com aquela voz linda que só ela tinha.
. - Comigo? Certeza? Estou estudan...
. - Química Orgânica? Me ensina, sou péssima em Química Orgânica.
. Assim ela conseguiu, como um milagre, puxar conversa comigo. Afinal, eu era um nerd recalcado.
. Passava noites em claro sonhando em beijá-la, e aí que entra a história do guarda-roupas. Desenhei uma boca na parte interna dele e simulava beijos para saber se eu levava jeito. O problema que tinha me esquecido, era que a boca não era plana, nem de madeira.
. Certo dia, novamente estava eu, estudando Química Orgânica de novo, e ela apareceu.
. Fechou a porta, passou ao meu lado e eu já sentia o seu perfume de flores do campo. Parecia com o cheiro do talco que minha mãe me passava para ir ao colégio aos 10 anos, que me deram o carinhoso e simpático apelido de “Pompom”. Azar, gostava daquele cheiro.
. - Oi Donatto, Química Orgânica de novo? – ela falou e eu tremi. Pressentia algo.
. - Sim, como sempre, nos encontramos na Química Orgânica!
. - Ah Donatto, então você acha que temos Química? – disse ela, sorrindo, e eu, idiota.
. - Temos sim, às segundas nas duas primeiras aulas, e hoje são as duas últimas.
. - Não. Outra Química?
. - Ah ta, desculpa Fátima. Esqueci. O plantão é as 18 horas de sexta. Tem dúvidas?
. - Tenho sim, Donatto, tenho sim. Me ensina a sua Química!
. Juro por Deus, não entendia nada daquela conversa torta. Como eu era idiota, e como ela era paciente. Infelizmente depois que começamos a namorar, ela ficou idiota e eu paciente!
. Como eu não entendi as indiretas mais diretas que ela tinha me dado, ela saiu da sala, com certo descontentamento. Eu continuei estudando.
. À noite, na novela das oito (sim, assistia a novela, escondido em meu quarto, para ver os atores se beijando e tentar entender toda aquela engenharia), ouvi o casal principal conversando sobre rolar uma Química entre eles. Naquela hora me senti como aqueles desenhos em que o Tom tem uma idéia e aparece uma lâmpada dentro de uma nuvenzinha. Ela me deu bola e eu não liguei.
. O que eu não sabia era que foi a melhor coisa que fiz, porque a rejeição a deixou mais louca ainda por mim.

***

. Cheguei na aula, no outro dia, e o rapaz da minha frente, um skatista apelidado de “Shape”, por causa de seu físico magricela, me entregou um recado e disse:
. - Mandaram te entregar. Não sei quem foi, então não me pergunta, cara!
. - Está bem!
. No bilhete estava escrito: “Te espero às 18h na Lanchonete do Quinho. Mata o plantão de Química Orgânica hoje. Estarei com uma blusinha amarela. Beijos”.
. Na hora, como sempre ficava ao faltar ar em meus pulmões, fiquei verde. E não era o reflexo daquela camiseta “SK8ER Boy” que o Shape usava. E às 18h fui lá.
. A lanchonete do Quinho era um lugar descolado, aonde todo mundo do cursinho ia lá para comer, matar as aulas maçantes de Física Geral e tomar cerveja ou pinga com refrigerante vagabundo. O lugar era bem limpinho sim, mas mesmo assim nunca tinha entrado lá.
. Vestia meu Allstar preto, meu jeans surrado e minha camisa xadrez cinza. Eu parecia um Grunge. Tive sorte naquele tempo, porque nos dias de hoje me chamariam de Emo.
. Olhei para todos os lados, vi todas as cores, uma salada de frutas de pessoas, menos a bendita banana. Não tinha ninguém de amarelo, e eu tinha jogado fora o bilhete, com medo de alguém ver.
. Ficou a dúvida: estava escrito amarelo mesmo? Quem era? Raios!
. De repente, senti seu perfume... era Fátima! Olhei para trás, ela não imaginava que eu chegaria pontualmente às 18h e resolveu atrasar um pouco. Estava de amarelo.
. Foi o amarelo mais bonito que já tinha visto, mas tempos depois, em visita à Macchu Picchu no Peru, vi algumas peças de ouro mais bonitas.
. - Você recebeu meu recado, então? – Disse ela, com um belo sorriso no rosto.
. - Era seu? – Que vergonha de minha vergonha. Se tem alguma coisa que eu me arrependo de ter feito é de não ter feito várias coisas por ser um idiota tímido.
. - Sim, até achei que não viria...
. Nessa hora fiz umas duzentas e quarenta e oito orações para que ela me beijasse logo, porque eu não teria tal atitude.
. - Vamos sentar! – disse com uma gagueira total – Quer um suco?
. - Prefiro Coca.
. - Comum ou light?
. - Don, posso te chamar assim? Deixa que eu peço ao garçom, você está meio esquisito.
. - Ok, eu quero suco de maçã.
. Neste momento ela começou a rir, não sei por qual motivo, mas acho que suco de maçã na minha idade era um tanto quanto quadrado. Azar, eu gostava, e ainda gosto. Suco de maçã com saquê fica uma delícia!
. Papo vai, papo vem, acho que duas horas depois, ela já estava totalmente doida para me agarrar, e eu nem tirava as mãos do bolso. Uma hora ela ficou irritada e me perguntou:
. - Donatto, você é gay ou não faço o seu tipo?
. - Como assim, Fátima? – dei de louco para viver – te acho linda e não sou gay. - não sei como saiu isso da minha boca.
. - Por que você não me beija, então? – disse ela, com uma voz irritada e excitante.
. - E por que VOCÊ não me beija, então? – respondi, uma idiotice, que deu certo.
. Ela me agarrou pelo colarinho fechado de minha camisa de flanela xadrez, deu um beijo estilo desentupidor de pia, que quase fiquei sem ar, ou seja, verde.
. - Agora está bem? – disse ela, sorrindo.
. - Já estamos namorando? – mais uma ingenuidade de um ser que não era do seu tempo.
. - Tão rápido assim? Tudo bem...
. A sorte maior minha era ser bonitão e ela por uma estranheza toda gostar de mim.
. Foi assim, durante um ano foi uma maravilha.
. No segundo ano, chegamos nos “finalmentes”, claro, se dependesse dela, aconteceria no primeiro mês, mas eu era muito ruim para perceber indiretas e aprender a beijar e a transar no mesmo ano era muito para minha cabeça. Mas depois da primeira, diariamente "batia o cartão".
. No terceiro ano, depois de uma briga, ela saiu, encheu a cara e beijou um tal de Edmundo.
. O que? Já ouviram falar nesse nome antes? Ah sim, mas não, era outro Edmundo.
. O cúmulo da falta de sorte com Edmundos, realmente.
. No quarto ano de namoro, por incrível que pareça foi o melhor ano junto dela. Viajamos pela América Central e do Sul nas férias, como mochileiros, e foi muito bom. Parecia que tudo tinha sido resolvido entre nós, mas não podíamos casar ainda, queria me formar primero.
. No quinto ano, brigávamos 1 dia da semana no mínimo.
. No sexto ano, brigávamos 2 dias da semana no mínimo.
. No sétimo ano, brigávamos 3 dias da semana, no mínimo e em 2 destes ela me traia com um tal de Ulysses.
. No oitavo ano, que foi o último, brigávamos 5 dias da semana, sendo que dois dias que não brigávamos ou eu trabalhava ou ela estava com um tal de Estevam.

. Por fim terminamos, naquele fatídico dia em que ela me deixou à pé no motel e correu para os braços do Edmundo (Edmundo 2), com o meu carro!
. Pois bem, agora vou parar de lembrar disso e este capítulo 3 será pouco lembrado após este ponto final.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A Biocomplexografia de Donatto Leão - Parte 2

Continuação, como prometido.
Boa semana à todos!
Abraços amarelos, Daniel.
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Capítulo 2 – Gorduchinho

. Como disse, nunca tive vontade de rir. Claro, hipocrisia de minha parte, dizer que nunca ri até meus 26 anos. Tive momentos felizes, mas não foram suficientes para dar aquela gostosa dor no estômago de tanto rir. Ou chorar de rir.
. Achava tão estranho quando alguém me falava que tinha “chorado de tanto rir”, afinal, na minha visão, chorar era inversamente proporcional a rir.
Nasci num dia chuvoso. Meus pais engravidaram sem querer, por isso a vida toda fui chamado de “filho do susto”, porque não era a intenção.
. Eles eram muito novos, não tinham condições de cuidar nem deles próprios, quiçá de uma criança? Meu pai tinha 20, minha mãe tinha 19.
. Na escola era motivo de cochicho a idade deles, porque meus amiguinhos tinham pais com 40 anos, 50 anos e tinha uns com pais de até 60 anos! Meu pai me falava que era bom que eles fossem jovens, porque eu não agüentaria ficar o dia todo ajudando minha mãe a fazer crochê ou vendo Gugu aos domingos com meu pai. Fora que quando nos formamos, poucos eram os amigos que tinham, como eu, os pais ainda vivos. Essa era a vantagem, mas a desvantagem era toda aquela habilidade de meus pais em cuidar de um filho.
. Minha mãe não sabia que eu precisava ser vacinado, achava que se ela colocasse a chupeta na minha boca eu iria dormir e nunca quis me dar de mamar no peito, porque ela tinha medo que eu arrancasse os seus bicos (ela não se tocava que nem dentes eu tinha!). As minhas avós a cornetavam tanto, dizendo que eu não era uma boneca, como ela estava acostumada, e que um paninho só não adiantaria para a minha higiene, muito menos me deixar dormindo sem fraldas.
. Antes mesmo de sair do hospital, toda minha falta de sorte começou.
. O médico que realizou meu parto, um tal de Dr. Jerônimo de Albuquerque, deve ter feito medicina no Instituto Universal Brasileiro. Nada contra cursos à distância, mas o retardado não fez os exames necessários, me derrubou sem querer no chão e quase me matou ao me afogar inocentemente na banheira, onde a enfermeira iria tirar toda aquela gosma que fica em qualquer bebê.
. Depois disso ele matou mais algumas crianças, até que seu registro no CRM foi cassado. Hoje em dia ouvi dizer que ele ganha muito dinheiro fazendo aborto em uma clínica clandestina, um absurdo, claro, mas pior é quem o procura.
. Com 1 mês de vida, devido a todo o erro médico, fui liberado para enfim sair e respirar novos ares. Como era inverno, esses novos ares me geraram uma gostosa e dolorosa pneumonia. Mais 1 mês internado.
. Saí novamente do hospital, mas como era esperado, estava desnutrido, muito abaixo do peso, então minha mãe me empaçocou de mingau, leite, papinha e engordativos infantis. Acho que ela estava tão desesperada que até cachaça experimentou me dar, porque seu tio da roça falou que “abria o apetite”. Coitada dela, coitado de mim. Engordei, parecia uma bolinha, ou bolona, daquelas de parque de diversões, que furam no primeiro “pong” no chão.

***

. Meu pai se formou na faculdade, Arquiteto, e enfim arrumou um bom emprego. Eu já tinha 3 anos. Eles então fizeram minha primeira festinha.
. Convidaram a cidade toda, como a gente morava ainda numa pacata cidade do interior, esse meu exagero nem foi tanto. Convidaram umas 200 pessoas, pelo menos, e gente que nem me conhecia.
. Bom para os convidados, que se empanturraram, não me deram presente, sujaram toda a casa da minha Vó Dita e picaram a mula, na hora que meu avô apareceu com a espingarda mandando todo mundo à merda, porque era o único sensato naquela casa.
. O prejuízo da festa foi tamanha, que meu próximo bolinho veio somente aos 6 anos. Convidaram apenas os amiguinhos da escola. Tinha umas 30 crianças na minha sala, mas como a maioria me achava esquisito, apareceram umas 12 crianças, sob a promessa de comer todas as balas de coco, todos os bombons e sair, antes mesmo do parabéns. Foi bom, uma festa para a família, que foi o que restou, exceto meu tio Timóteo, que foi embora antes da primeira hora da festa, alegando estar passando maus bocados por causa de uma coxinha de frango estragada que ele tinha comido na pastelaria do japonês Hikari. Nem presente o muquirana deixou!
. Quando fiz 12 anos, por uma felicidade, dei uma boa esticada na minha altura, e a fama de bolinha se foi.
. Me tornei um belo adolescente, mas sem amigos, e os que tentavam se aproximar não suportavam minha falta de assunto. Quem não se interage, não tem papo mesmo.
. Teve uma menina, a Neide, cujos olhos verdes eram tão belos que jamais vi iguais, que tentou me roubar um beijo certa vez. Como disse, eu era bem bonito, não que não seja mais, mas adolescente sempre é feio, cheio de espinha na cara e coisas do tipo. Eu não, era bonitão, e o melhor de tudo que pela minha altura eu parecia ter uns 18 anos, quando na verdade tinha 13.
. Nos intervalos do colégio que eram regados de beijocas, jogos de futebol e truco, minha maior diversão eram os jogos eletrônicos, ainda mais depois que consegui, com muita economia e esforço, comprar um Game Boy Color ®, e jogava o intervalo todo ou até a bateria acabar. Nesta época conheci um amigo: Luciano.
. Luciano era como eu: parecia louco mas não era, introvertido e sua única diversão era comer bastante bobeira, jogar videogame e ser chamado de maluco pelo resto da turma.
. Começamos a jogar videogame juntos. Um dia eu ia à casa dele, no outro ele ia em casa. E na escola todos chamavam a gente de doidos varridos, só que agora economizavam garganta, chamavam ambos de “Casal gay”.
. Nos formamos na oitava série juntos, fizemos o ensino médio juntos, e, faltando 6 meses para nossa formatura, decidimos fazer uma viagem para o Pantanal, porque Luciano tinha a mania de catalogar aves, e gostaria muito de conhecer as aves de lá. Como eu colecionava apenas frustrações, decidi acompanhá-lo. Para os nossos pais, era tranqüilo, até porque com a economia em não pagar o baile e a viagem de formatura, sobrava dinheiro se pagassem apenas esta singela viagem. Iríamos ficar em uma pousada simples e barata, com a única promessa de trazer lembrancinhas para todos.
. Uma semana antes da viagem, Luciano morreu. Foi atropelado por um funcionário da prefeitura, que bêbado, passou com o caminhão de lixo em cima do rapaz.
Quando fiquei sabendo, chorei durante umas 2 semanas seguidas, e fui internado por desidratação e desnutrição, porque não comia, não bebia e chorava. Os pais dele não ficaram tão transtornados quanto eu. A única pessoa que pensava como eu, agia como eu e me entendia havia morrido. Daquele jeito.
. Meus pais tentaram agradar, me compraram um videogame novo, mas tudo relacionado a comportamentos “nerds” e produtos tecnológicos me lembravam dele. Não adiantava.
Estava bem de notas, mas com o fracasso de meu último bimestre na escola, o diretor achou melhor me reprovar. Porém meu pai o fez mudar de idéia depois de umas três ou quatro pancadas na cara dele.
. Minha vontade de passar no vestibular se foi, não consegui nada. Então passei o ano de 2002, quando completei 18 anos, fazendo apenas cursinho pré-vestibular, em um bom colégio de minha cidade. Mas meu pai, visando melhoria de vida, já que sustentava ele, eu, meus dois irmãos, minha irmã e minha mãe, se mudou para São Paulo.
. Comecei tudo de novo e não passei no vestibular. Mas foi bom, no colégio que estudei em São Paulo, conheci a Fátima.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

A Biocomplexografia de Donatto Leão - Parte 1

Olá, pessoal!

Semana atribulada, cheia de coisas, demorei mas estou aqui.

Mais uma vez, resolvi inovar, ou renovar. Tem uma história bem grandinha que escrevi e ainda não terminei, quase um livro, e estou pensando em fazer como aqueles escritores (verdadeiros escritores, não pessoas como eu que brinco de escrever) fazem semanalmente em jornais, como o caso do famoso e saudoso Douglas Adams com a maravilhosa história do Mochileiro das Galáxias. Desta história, aliás, retirei o subtítulo do meu blog, como verão a seguir. Se quiserem, claro!

Começo hoje, com a primeira parte, ou primeiro capítulo, dessa história e espero que gostem, ainda mais espero ter paciência para conseguir terminar, e ajudas serão bem-vindas, críticas, mais ainda! Afinal não está finalizado e precisa de muita revisão! Quem sabe vira um "Você Decide?" ehauehauehauehaueha

Um abraço, e mesmo que haja outra postagem minha aquém à continuidade da história, vou manter sempre a sequência.

Abraços!

Daniel, Amarelo

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A Biocomplexografia de Donatto Leão

Prefácio

. Donatto Leão era um homem, como tantos outros, com a história de vida parecida com muitos Joãos (ou Joões, grande questão), de muitos Josés, Joaquins e Rafaéis (ou Rafaels, se preferir!).

. Viveu até os noventa, mais precisamente, noventa e seis anos, sete meses, quatorze dias e dezesseis horas.

. Uma marca que sempre nos faz lembrar dessa bela pessoa que foi o "Seu" Donatto, era o seu sempre fiel sorriso, seu carisma, suas piadas e sua enorme capacidade de ser um exímio contador de histórias, de histórias com H, pois eram de sua própria vida. E o mais engraçado é que sua vida, ou melhor, sua vida feliz, começou aos 26 anos, depois de três tentativas de suicídio e desilusão amorosa, fatos que o fizeram rir muito depois.

. Morreu sorrindo, de morte natural, dizem as más (ou boas) línguas, que Donatto morreu de tanto rir... A data da morte, 16 de Novembro de 2080, mas ele vive rindo da nossa cara em algum lugar no Cosmo...

. Sou grato de ter gravado em minha humilde mente grande parte das histórias deste homem, e espero passá-las da melhor forma possível. A sua frase, célebre frase, ainda ecoa em meus pensamentos:

"Riu. E de tanto que riu a sua dentadura caiu."


Capítulo 1 - Começando a sorrir

. Às vezes penso como se não fosse feliz, ou sei lá, o trabalho me deu muito stress, os estudos mais ainda, e penso que muitas vezes perco tempo valioso de minha vida com essas coisas, que são necessárias, com certeza!

. Infelizmente sei que não me empenhei mais nos estudos por causa de meu namoro frustrado com a Fátima, que me tomou muitos finais de semana que poderia estar em algum grupo de estudos e não ter passado apreensão e nervosismo esperando para entrar na faculdade por ter ficado na lista de espera.

. Nosso namoro durou 8 anos. Muita gente pensa "Ó, quanto tempo e não casou?" - sorte né? Se tivesse casado, ela levava metade de tudo...

. Começamos o namoro, eu com 18 anos e ela com 16. Eu era carinhoso: ela era nervosa. Eu era estudioso: e ela, preguiçosa que só ela! Mas eu a amava... e como amava!

. Nosso namoro foi bom. Foram 8 bons anos. Não posso cuspir no prato em que comi (yeah!), e brincadeiras à parte, descobrimos tudo juntos. Afinal eu era um bosta. Nem selinho eu tinha dado antes dela, a não ser que conte os beijos que eu dava no meu guarda-roupas para ver se sabia alguma coisa. E o pior de tudo! Sem me gabar, eu sempre fui muito bonito, e a meninada dava tanto em cima de mim, e uma mais bela que a outra. Dava até dó...
. Dó delas, porque se sentiam feias e rejeitadas e dó de mim, que era chamado todos os dias de bichinha e frígido, pelos invejosos da escola.

. Mas voltando à Fátima, nos dávamos muito bem, tirando as diferenças, tirando os três pares chifres que ela colocou em mim e fiz vista grossa, tirando ela ter matado todos os peixinhos douradinhos do meu aquário por "falta de atenção" e coisas do tipo. . Como eu disse, eu era paciente e a amava, ou a amava porque era paciente. Não interessa mais!

. Entrei na faculdade aos 20, me formei aos 26, terminamos aos 26. Ela esperou eu me formar, juntar dinheiro, comprar nossa casa e mobilia-la inteira, comprar um carro, trabalhar feito camelo para dizer: Acabou. Ou melhor: A-C-A-B-O-U!

. Eu não era de rir, e foi a primera melhor risada da minha vida!

. Ela terminou comigo dentro de um motel. Foi embora com o meu carro. Me deixou à pé, sem carteira e dentro de um motel. Eu comecei a rir.

. Pulei o muro do motel, afinal não sei como ela saiu e pagou a conta, deve ter dito que eu pagaria. Não paguei.

. Passei a noite toda dando risada da minha situação. No outro dia fui à casa dela.

. Peguei o meu carro, dei uma risada, falei tanta bobeira que nem me lembro mais. Só sei que ela riu. Era o que eu queria ver.

. Eu não era de rir. Mas ria muito, ria mais que o pica-pau naquele atormentante final do desenho em que ele ensurdece qualquer um com um "ârrâ râââ rââ" aterrorizante!

. Bati o carro. Por querer, afinal sem a Fátima, por mais feliz que eu estivesse, não dava. Eu sempre fui bonito, mas sem atitude! Iria morrer sozinho.

. Eu não sabia fazer nada direito, além de estudar, trabalhar e namorar a Fátima. A minha idiotice era tamanha que nem me matar eu conseguia. Pulei da ponte com o carro. Não era ponte, era um viaduto. E na parte direita do viaduto, a qual eu cai, estava armada uma tenda de circo. Que morte legal. Rindo em cima de um circo.

. Por mais engraçado e mentiroso que pareça, eu caí em cima da lona, esta cedeu, eu não morri. Perdi o carro, mas não morri. O seguro pagou outro carro depois.

***

. Acordei no hospital. Todo mundo feliz ao me ver: meus pais, irmãos e a Fátima. Inclusive a Fátima. Ela e o Edmundo... Edmundo?

. Ah sim, o novo namorado dela, que ela conheceu depois de eu estar em coma durante 1 mês. Ela levou para me apresentar. Simpática ela, não?

. Falando em coma, os médicos até hoje estudam o meu caso. Não tive trauma nenhum, não tive nenhum arranhão. A única anomalia que possuía em meu corpo era uns cortes na boca, mas pelo que pesquisei no Google é gerado com excesso de riso. Acho que foi o motivo de meu cérebro ter pifado. Já me falaram que é a mesma sensação de fumar maconha. Mas nunca experimentei.

. Tive alta na mesma semana, a enfermeira me adorou. Era uma linda moça, mas eu era idiota. Não dei bola, como sempre.

***

. Na outra semana, resolvi me drogar. Me lembrava daquela história chata do "Mamute pequenino, queria se drogar...", e tentei. Se o Mamute teve overdose, eu poderia ter.

. Comprei uns 2 litros de dormífero para elefantes (ou mamutes), porque sempre fui contra o uso de cocaína, LSD ou drogas do tipo, essas daí matam de um jeito socialmente ruim.

. Acreditem ou não, minha incapacidade de se matar foi tamanha, mas tamanha, que na hora que tomei essa cacetada de remédios, meus pais chegaram, ou eu achei que eles chegaram na hora. Na verdade, demorei muito para morrer! Eu estava verde, poderia ser inclusive um personagem de Animè.

. Eles chegaram, me viram verde, acharam que era uma alerga, e me levaram para o hospital. Estava verde, sem ar, porque engasguei com a droga da tampa do remédio, e ele caiu todo no chão, nenhuma gota passou pela minha garganta.

. Ok, quase morri por sufocamento, mas demorou muito, coisas do sobrenome.

. Dizem que Leão é o Rei da Selva. Eu não era, mas meu corpo parecia. Desgraçada falta de fumo que fez meu pulmão aguentar quase 20 minutos sem ar! O dormífero me mataria na hora.

. Sou um idiota. Mas descobri que devo ser a única pessoa no mundo que ao invés de ficar roxo pela falta de ar, ficava verde. Ri disso também.

***

. Cronometradamente uma semana depois, a terceira tentativa de suicídio. Dessa vez iria dar certo, tinha que dar certo!

. Contratei disfarçadamente alguém para me matar. Pagaria bem, era só um tiro na testa. Me entitulei de "Valcicley", coloquei um sotaque nordestino por cima do meu paulistano e dei todas as pistas de onde estaria o desgraçado do Donatto! Falei com tanta raiva deste tal Donatto ao bandido, o Cuspinha, que ele nem queria mais me cobrar pelo serviço! Virou meu "brother"!

. Às 23h em um beco na periferia. Só estaria lá o Donatto.

. Cheguei lá, fiquei esperando o desgraçado do Cuspinha me matar. O rapaz chegou, me encarou, percebeu dentre toda sua incapacidade de detectar descrições que eu era eu mesmo e perguntou:

. - Por acaso "cê" é o Donaldo? - disse o mongol.

. - Sou eu mesmo. Que foi?

. - Ah tá. vim matar você, mas se me pagar melhor, eu te conto quem foi que ordenou e mato ele pra você!

. - Mas você não ía me matar de graça? - eu, mais mongol que o Cuspinha, me entreguei.

. - Como você sabe? Você é banzé, seu desgraçado?

. E o infeliz do Cuspinha foi embora correndo, achando que eu era PM. Não deu tempo de dizer a ele que eu era engenheiro...

***

. Resolvi parar de tentar me matar. Acho que não era para acontecer, eu não tinha capacidade para fazer isso. Continuei rindo.

. Eu nunca ri tanto em minha vida. Aliás, até antes de terminar com a Fátima, raras as vezes me viram rindo. Eu tinha vergonha, de ser feliz, eu não tinha por que rir.

. Minha infância não foi boa, minha adolescência não foi a melhor e meu namoro foi uma merda. Começaria a viver agora. Mas claro, quero contar como foi infeliz a minha vida até os 26...

TO BE CONTINUED...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Marcas do Tempo!

Mais uma dos "tempos nostálgicos". Estava procurando um outro texto, achei esse poeminha. Daqui a uns 2 ou 3 dias eu posto outra coisa.
Para comemorar, talvez, o meu aniversário!

Ando movimentando o blog, talvez voltou a criatividade, ou essa "nostalgia" por dilvulgar o que eu sempre escrevi, e nunca mostrei.


Abraços apertados e amarelos!



Marcas do Tempo

O pecado de não fazer algo
Mesmo que pareça impossível
Continua sendo pecado
E o inimigo então é invisível

O tempo, senhor de tudo
Aquele que rege o mundo
É imparcial, voraz
Ele espera que nós façamos a paz

Ódio, amor, quanta distinção!
Mas, mesmo assim, andam juntos
Separados por um campo magnético
Nosso pensamento ético

Belos tempos em que estamos
Que o dinheiro parece bom, mas causa dor
Mas fico feliz, pois sei que existem
Aqueles que ainda crêem no amor

E este mesmo amor
Que marcas no tempo irá deixar?
Disso não sabemos, eterna questão
Queria que essas marcas ficassem em meu coração