terça-feira, 13 de março de 2012

Devaneios, Parte 3

3. Terra de ninguém

“Brome! Brome! Levante-se já e encare seu destino! – disse Silver, o Cavalo, ao encontrar Brome deitado sobre o rodapé da caverna lunar.
Nesse instante, São Jorge, não entendendo nada, colocou o Dragão numa cela unidiagonal e foi verificar o burburinho. Coisa lúgubre – completou ao ver Silver tentando acordar o Brome, que de ressaca se levantava aos poucos.
Peter olhou ao fundo do horizonte e viu que era dia de arco-íris. Isso era bom presságio, talvez o anão do pote de ouro estivesse ao fim do arco-íris e junto dele o portal para o final da Floresta dos Lobos Vermelhos. E Peter estava certo.
O problema era que William, o Conquistador, já havia passado pela floresta e já estava tomando um capuccino com sua tropa de 13 cavaleiros, numa cópia mal feita do Starbucks, bem no centro de Istambul. Peter precisava avisá-lo, mesmo que não adiantasse e que William confiasse cegamente no Papa. Mas o que o William não sabia era que a mensagem do Papa foi previamente interceptada pelo Lorde Alf, o Eteimoso, que precisando dominar o planeta Terra todo com seu nariz cativante, forjou a mensagem e reenviou ao William, que perdeu seu tempo indo para uma terra de ninguém.
O tempo estava acabando, a Rainha estava se reunindo com seus amigos de jogatina, e se o tal straight flush saísse, adeus vida vivível...
E o Big Ben soou de novo. Doze badaladas incansáveis. Pelo menos Alice descobriu que sim, Brome estava realmente vivo e tinha ido à lua recuperar o amuleto sagrado, feito com dedicação e carinho para destruir a humanidade. Mas não tinha tempo de chegar às terras de São Jorge, então Alice foi na casa do Lucas Silva e Silva e pegou emprestado o rádio comunicador, de modo a falar mais rapidamente com Brome, diretamente do mundo da lua.
Brome, tolamente foi aparecer na lua! Peter está em Istambul! – disse Alice no comunicador, uma caixa branca retangular muito tecnológica para o século XVII.
Brome prontamente entendeu a mensagem, e mesmo de ressaca pediu carona para Silver, que estava aparando a crina no melhor barbeiro lunar.
O dia já estava nascendo, a Rainha, enfurecida, foi embora para seu castelo. Não tinha ganhado um centavo sequer no pôquer.
Certeza que foi mutreta, certeza! – Disse a Rainha, se referindo à quina de ases que fez o Burro Falante levar toda a grana de todos, num all in coletivo. Gepetto tentou gesticular, mas descobriu depois que o dono da casa estava mancomunado com o Burro, então nada adiantaria falar. Pelo menos a Rainha não ganhou, pelo menos o mundo ainda não acabou. Mas no dia seguinte teria outra jogatina, e o mundo estaria novamente enfeitiçado pela maldição.
Wendy encontrou Hagar, e pediu por gentileza um barco Viking para invadir a ilha da Rainha, conquistar a Grã Bretanha, Escandinávia e mais dois a escolha. Os dados sorririam para ela, e fatalmente chorariam para o pagão Sujeito Tolo.
Já era dez da noite novamente, e a Rainha para a jogatina partiu.
Antes que quisesse falar, o Burro foi enjaulado ao lado de um sujeitinho estranho, que se intitulava Babar, um tal elefante-rei de Célesteville. O tal elefante-rei, piada, estava preso por ter cometido incesto, sim, ele se casara com sua prima. O que ele estava fazendo no clube de jogatinas, a questão era essa, e nunca será respondida, pois o Duque de Fonolaschaux havia roubado os Pergaminhos Perdidos Prontamente Reencontrados de Célesteville.
A meia-noite, novamente, a Rainha estava prestes a ganhar e acabar com toda palhaçada, porém ouviu um barulho na rua e se distraiu, e ao olhar pela janela do clube de jogatinas, viu uma abóbora passando a aproximadamente 65 milhas náuticas por hora.
Logo atrás, um homem maltrapilho dizendo: corre Cinderela, corre!
A Rainha se enfureceu. Afinal, quem era esta tal Cinderela que a fizera perder a inspiração e conquistar a vitória? Foi prontamente perguntar ao Valete de Paus.
Neste instante, William, o Conquistador, questionado por Peter, chorava igual a uma criança por ter descoberto sua falha incondicional. E o capuccino não era dos melhores.
Pelo menos o mundo ainda persiste – Peter dá três tapinhas nas costas de William e volta para sua tapera.” 

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