quinta-feira, 28 de maio de 2009

Argami Yuni


Meia noite, dirigindo o meu carro, um som baixo no alto-falante, numa rádio daquelas que nesse horário toca apenas "momentos remember".

Estava com uma sensação estranha, um medo grande se apoderou de meu corpo...

Olhei no banco de trás, apenas minha mochila. Nada mais, ou melhor, nada demais.
Olhei para os lados, ruas desertas. Uma ou outra pessoa caminhando e um ou outro carro passando.

Passei por uma ladeira. Do lado direito, um mato alto pairava acima da calçada.
A teimosia e esse calafrio eram demais! Fui bem devagar com o carro, o ponteiro do velocímetro em quase zero km/h.

De repente, lá ao fundo, olhos bem vermelhos e brilhantes me filmavam. Minhas mãos não funcionavam, meu pé não acelerava o carro, e aqueles olhos me fitaram por alguns instantes, até que entrei em mim novamente, e consegui sair cantando pneus.

Mais a frente, mesmo com toda aquela minha afobação de chegar logo em casa, um susto: sinal vermelho no cruzamento, e as luzes do farol refletiam nos espelhos de um edifício do lado direito, dando aquela tenebrosa sensação de que aqueles olhos vermelhos ainda me perseguiam.

O sinal verde mal piscou, lá estava eu a quase 100 na avenida, sem prestar atenção dos lados e ver aquele maldito olhar me perseguindo.

Meia noite e quinze, cheguei em casa. Parei o carro, mal o desliguei já abri o portão, abri a porta da sala e fui acender a luz.

"Droga!"

A luz da sala estava queimada, fazia uns 2 ou 3 dias, e tinha me esquecido de comprar outra.
Para o meu desespero, lá estavam os olhos vermelhos, num reflexo da luzinha do aparelho de televisão.

A luz iluminava toda a sala, com uma força tão grande que não precisaria nem comprar mais lâmpada, se não fosse todo o meu pavor!

Naquele dia, a luz não estava como sempre, fraca, apenas um pontinho na imensa escuridão da sala. O brilho intenso era de arrepiar, e o clima sombrio daquela noite não me deixou outra escolha, senão gritar!

Estava sozinho em casa. Resolvi sair para a rua. Me sentia mais seguro lá!

No momento em que vasculhava as chaves no meu bolso para abrir a porta, a luz vermelha se foi, como se tivessem retirado meu aparelho de TV da tomada. Tinha alguém em casa comigo...

Fiquei estático. Tentei reagir, mas não consegui.

Fui para a cozinha, a luz finalmente acendeu, e com ela todo meu desespero se foi.
Passei a noite na cozinha, acordado, tentando ligar para alguém. Sem sinal.
O relógio de parede estava parado, e meu celular sem bateria.

Não adiantava surtar, pegar uma faca e esperar por alguém aparecer. Isso não era humano, não tinha corpo! E se fosse humano, com certeza era um ótimo ilusionista!

As horas não passavam.
Meu pavor não passava.
Aquele olhar vermelho não saía de minha mente.

Adormeci.
Não tive sonho algum, e nunca mais fui amedrontado por esses olhos depois deste dia.

Não sei se era um sinal, uma paranóia minha, ou um pesadelo acordado.

Mas foi de verdade. Senti aquela presença estranha, e pedi para que ela nunca mais aparecesse na minha vida.

2 comentários:

Pudim disse...

Sinto uma certa veracidade nessa história, ou será apenas um sentimento infundado?

Em ambos os casos uma excelente leitura, como sempre.

Daniel Rolando disse...

sim, de fato ocorreu comigo, mas faz um bom tempo...cerca de 2 a 3 anos atrás.