quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O politicamente incorreto

Boa noite.

Não sei se alguém vai ler isso, afinal ninguém gosta de bad guys tomando conta dos bad guys.
Sou o que chamam de anti-herói, uma pessoa que tem algo fora do comum e usa isto para salvar as pessoas, igual aos herois, porém não tem as mesmas frescurites, e não faz questão de salvar a todos.
Sacrifícios são necessários para um bem maior. Sempre são. E aí que o anti-herói é mais humano e erra menos que um herói comum.
Ah, claro, um herói convencional não tem vícios a não ser prender os bandidos.
Eu sou viciado em álcool, e fumo constantemente, nada ilícito, diga-se de passagem, mas é algo que um herói comum acha errado. Como se fosse errado viver em sociedade e passar despercebido.
Também, obviamente, como anti-heroi que sou, não uso fantasias nem mascaro minha vida, porém uso um disfarce: meu nome. Me chamam de Pereira, mas não é meu sobrenome, é uma ficção para proteger meus familiares. Eles não merecem pagar pelas minhas desventuras.
Você deve se perguntar de meus poderes especiais. Não, eu não tenho nada fora do comum fisicamente falando, porém tenho uma capacidade tremenda de pensar em diversas situações. Como assim?
Eu já contei que fui preso? Tem a ver com o parágrafo acima.
Sou um rapaz do interior de São Paulo, de família simples, estudei e me formei em Educação Física. Era o curso que tinha na cidade, pelo menos o único que prestava. Aprendi artes marciais, e sempre fui bom em basquete. Mas isso não tem a ver com o assunto acima.
Agora sim, tem a ver. Mesmo tendo feito Educação Física, eu sempre tive um raciocínio lógico incessante, capacidade em me disfarçar, em criar e simular situações para meu prazer próprio e aí que entra minha temporada na cadeia e em seguida minha vocação para anti-heroi.
Certa vez li num noticiário a respeito da segurança da Casa da Moeda, onde são feitas as cédulas de nosso dinheiro. Eu invadi três vezes. A primeira como fornecedor de papel-moeda, a segunda como segurança (ah!) e a terceira vez simplesmente com a cara de pau, me passei por um funcionário.
E não invadi para roubar dinheiro algum, não levei nada. E ainda mostrei que a segurança deles era falha, três vezes.
Fui para a cadeia e conheci o então Tenente Milton Barbieri, um recém promovido bacharel em Direito que estava formando uma equipe de Serviço Secreto no país, aos moldes da CIA, porém muito mais modesta. A idéia desta equipe era investigar os "ininvestigáveis". Políticos corruptos e corruptores, criminosos de colarinho branco, e vez ou outra assassinos perfeccionistas (aqueles quase nunca encontrados), principalmente em crimes que envolviam o tal algo a mais - crimes de grandes empresários, governantes, benfeitores etc.
O Tenente Barbieri foi em minha cela e me ofereceu um emprego: fazer o bem à sociedade discretamente, invadir residências sem ser percebido e buscar provas para acusar ou inocentar alguém - sim, algumas vezes era necessário forjar provas para incriminar os verdadeiros criminosos - e assim surgiu meu papel em salvar a sociedade do caos que traficantes, corruptos, corruptores e outros tipos de corja estavam fazendo com os brasileiros. Se preciso, dou umas porradas também.

Não que eu me importe com mídia ou com elogios da população. Eu não faço isso só por eles. E dane-se se eu passar o resto de minha vida desconhecido para a maioria. Prefiro assim, eu sou assim.
Sou discreto e ganho por isso.
Sou um anti-herói e não me importo em ser politicamente correto, faço o que é preciso custe o que custar.
Preciso ir dormir, amanhã tenho uma missão importante, detalhes apenas depois, não posso revelar meu trabalho sem tê-lo realizado, afinal os inimigos também tem caras como eu, e tolo é quem acredita em privacidade no nosso mundo atual.

Sou um anti-herói, sou o Pereira, muito prazer.

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